A emissão de Obrigações do Tesouro a 10 anos, feita hoje, num montante de 3 mil milhões de euros, a uma taxa (yield) de 4,227% em venda sindicada faz subir o custo de financiamento do país.
“Saiu acima do custo médio da dívida portuguesa (que é de 3,4%), por isso, vem encarecer as condições em que o país se financia”, Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, revelou ao Jornal Económico.
O gestor adianta, contudo, que “já se esperava uma taxa acima dos 4% e até saiu um pouco mais baixa do que se antevia, portanto não foi surpresa e, nesse sentido, correu bem. Aliás, por ser uma operação sindicada, estava garantida à partida”, acrescentando que o facto de estar acima dos 4% não é novo – “tivemos essa taxa em março e no último trimestre, de 2016”.
“Se compararmos com a taxa de há um ano, de janeiro de 2016, a diferença é bastante maior. Nessa altura emitimos dívida a 10 anos com uma taxa de 2,875%. Ou seja, o risco, num ano, subiu. É caso não para alarmes, mas para cautela”, alerta o gestor.
O IGCP fez o comunicado oficial da emissão. A taxa de cupão é de 4,125%. Mas Portugal oferece spread de 352 pontos base na emissão de dívida a 10 anos (spread face ao benchmark que é a dívida alemã a 10 anos – bunds). Somando o spread à taxa “mid-swap” a taxa é de 4,227% (a yield que Portugal pagará).
A taxa de juros das obrigações ‘benchmark’ no mercado secundário subiu ultrapassou os 4% na semana passada, para máximos de 11 meses, mas desce hoje 12 pontos base para 3,93%.
A notícia da contratação de um sindicato bancário (BBVA, HSBC, JPMorgan, Morgan Stanley, Novo Banco e Société Générale) para colocar nova dívida a dez anos foi anunciada ontem pela Bloomberg.
Esta emissão sindicada vem um dia depois do anúncio do programa de financiamento do IGCP para 2017. A República tem um objectivo bruto de emissão de 14 mil milhões a 16 mil milhões através de leilões e operações sindicadas.
A colocação ficou no intervalo inferior de preços, devido ao facto de a procura pelas OT denominadas em euros e com maturidade em Abril de 2027, ter ultrapassado os 8.500 milhões de euros. O ‘guidance’ da transação foi revisto para 352 bp-355 bp sobre os ‘mid-swaps’, abaixo do preço inicial.
O IGCP estima necessidades líquidas de financiamento de 12,4 mil milhões de euros. E conta emitir entre 14 mil milhões e 16 mil milhões em OT. No entanto, numa apresentação a investidores apontou para 15 mil milhões. Caso cumpra o objectivo para a emissão desta semana garante 20% do financiamento do ano.
Portugal tem uma classificação de Ba1 pela Moody’s e BB (SA:BBAS3) + pela S&P e pela Fitch.
Segundo o IGCP, foram os investidores internacionais que asseguraram 90% da emissão. França, Itália, Espanha (34,7%) e Reino Unido (26%) ficaram com a maioria da dívida do país. Em Portugal ficou 10,3% da emissão.
Por tipo de investidores, a liderança coube aos gestoras de fundos (que compraram 50,2% da emissão), bancos (24,6%) seguradoras/fundos de pensões (10,8%), seguido de hedge funds (8,9%).
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