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Juros cobrados nos novos empréstimos da casa atingem mínimos históricos

Em novembro, a taxa média nos novos créditos à habitação fixou-se em 1,82%, o valor mais baixo desde que o Banco de Portugal agrega os dados.
19 Janeiro 2017, 09h29

A taxa cobrada pelos novos créditos à habitação está em mínimos históricos. Segundo os dados do Banco de Portugal, em novembro do ano passado, a taxa de juro média praticada nas novas operações de empréstimo para a compra de casa fixou-se em 1,82%. Esta é a taxa mais baixa desde que o Banco de Portugal agrega estas séries. Em outubro, a taxa era de 1,85% e um ano antes, em novembro de 2015, era de 2,13%.

Esta tendência decrescente da taxa  dos novos empréstimos tem vindo a verificar-se sobretudo desde final de 2011 e pode ser justificada com a descida da Euribor – a taxa de mercado que serve de referência para o cálculo da prestação da casa.
Para a taxa anual nominal oferecida pelos bancos contam essencialmente dois fatores: o valor da Euribor e também o spread (que é a taxa que se adiciona à Euribor e que acaba por funcionar como a margem de lucro dos bancos).

Ora, se por um lado na famosa altura da guerra dos spreads entre 2007 e 2008 os bancos tinham margens mínimas, por outro nesse mesmo período as Euribor estavam a galopar para valores nunca antes vistos. Em setembro de 2008 atingiram o seu máximo, na sequência da falência do banco norte-americano Lehman Brothers e que marcou o início da crise financeira do crédito hipotecário de alto risco, conhecido também como subprime.

Ou seja, em setembro de 2008 apesar de os spreads nos novos empréstimos rondarem os 0,29%, a Euribor ultrapassava os 5%. Isso levou a que a taxa média cobrada nos novos empréstimos atingisse os 5,76%, segundo o Banco de Portugal.
Agora verifica-se o inverso, ou seja, embora os spreads sejam mais elevados nos novos créditos, a Euribor está em valores negativos, colocando assim a taxa nos 1,82%.

Este mínimo histórico nos novos empréstimos não significa que quem contrata agora um crédito à habitação seja quem pague menos. Atualmente, quem tem a prestação mais baixa são todas as pessoas que mantiveram os empréstimos desde a guerra de spreads de 2008, onde muitos bancos fixaram spreads nos 0,29% ou 0,33%. Quem tem créditos à habitação desse tempo está a pagar menos, não só porque beneficia de um spread muito baixo como da taxa de mercado Euribor  estar negativa. Há mesmo casos de quem esteja agora com taxa 0%.

Bancos dão mais crédito
O aliviar dos spreads no último ano (ler texto da página 38), aliado a uma maior procura de casa tem levado os bancos a concederem mais crédito à habitação.

Em novembro, o montante concedido em novas operações de empréstimos para a casa ascendeu 535 milhões de euros, o que representa um aumento de 30% face ao mesmo período do ano anterior. Apesar deste crescimento ainda se está longe dos montantes pré-crise (2007) em que a média de concessão de novos créditos à habitação era de 1,6 mil milhões de euros por mês.

[Notícia publicada na edição impressa de 13 janeiro]

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