Se o ano novo chinês é o ano do Galo, o nome não podia ter sido melhor escolhido. Vejamos: os anos do galo incluem 1933, um ano de recessão; 1981, quando o desemprego disparou na Europa e os ingleses tiveram o maior aumento do desemprego; e 1993, outro ano mau da história económica europeia. Para 2017 as coisas parecem estar mal, com o sistema financeiro europeu em problemas e a subida da taxa de juro em perspetiva, a ameaçar relançar a crise da dívida soberana na generalidade dos países, endividados até à crista, que isto já passou do pescoço para cima. É caso para dizer: Grande galo!

Será que estamos condenados a ter problemas em 2017? Ou será que, pelo contrário, temos pela frente o princípio do fim dos nossos problemas? Os modelos de previsão económica não nos podem ajudar nisto? Como muitos de vós, tenho as minhas dúvidas, que os modelos de previsão têm andado pior que a meteorologia: são mais as vezes que falham do que aquelas em que acertam. E foi a pesquisar o que faltava aos modelos para acertarem que me dei conta da verdadeira explicação para o crescimento económico, publicada em 2011 por Tatu Westling, da Universidade de Helsínquia. Demonstra o nosso Tatu no seu paper “Male Organ and Economic Growth: Does Size Matter?” que é o tamanho do órgão masculino que explica o crescimento. Conclui ele que no período 1960-1985 quanto maior o tamanho, menor o crescimento económico, e que só esta variável explica mais de 20% da evidência observada. Isto explica o grande desempenho (económico) de países como a Coreia do Sul ou a Índia, e a menor performance (nesta matéria) de França, Itália e Alemanha. Aliás, na própria Europa explicaria a convergência observada até 1985 entre países do Norte e do Sul, o que poria gregos, espanhóis, portugueses e irlandeses entre os países “pequenos”. Refira-se que a França lidera a lista mas que os dados para este país foram recolhidos por “investigadores” franceses, o que pode ser relevante. Mas mais interessante é que este padrão se alterou em 1985, assumindo a forma de um “U” invertido. Pode parecer injusto que já nem este benefício haja de se ser pequeno, mas Ciência é Ciência; a entrada na União Europeia pode ter atrasado esta realidade para portugueses e espanhóis, mas depois de 15 anos de lua de mel, ou crescemos ou o entusiamo esmoreceu, cá nos arrastamos como os outros. Qual é a solução para isto? Infelizmente, só os países grandes podem fazer alguma coisa: cortar, mas para um tamanho normal, senão é pior a emenda que o soneto.

Dirão alguns que esta teoria tem falhas. À partida, é sexista: então as mulheres não jogam nenhum papel no crescimento das nações? Não vale a pena argumentar, é Ciência. Para quê perder tempo? Eu, pelo meu lado, prefiro pensar positivo: se é verdade que muitos portugueses estão a deixar o País e a ir viver para outras bandas, espero que sejam aqueles que têm o maior órgão.

 

Nota biográfica: Hemp Lastru (n. 1954, em Praga) é sobrinho neto de Franz Kafka. Democrata convicto, ativista e lutador político, é preso várias vezes pela polícia secreta checoslovaca, tendo sido sentenciado em 1985 ao corte de uma orelha sob a acusação de “escutar às portas”. Abandona a política em 1999, deixando Praga para residir em Espanha. Mudou-se para Portugal em 2005 porque “gostaria de viver num país onde os processos são como descrevia o meu tio-avô nos livros.”