Há um provérbio antigo que nos diz que quem mal anda, mal acaba. Outro ainda, diz-nos que o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Por fim, pode-se enganar um determinado número de pessoas por determinado tempo, mas não se pode enganar toda a gente o tempo todo. Não é preciso perder muito tempo de pesquisa nos tomos mais eruditos de uma qualquer biblioteca, os ditados mais simples prevêem com sagacidade certeira o fatal destino da rusticidade habilidosa.

Costa começa, ao fim de mais de um ano, a ser descoberto pelos mais distraídos. O caso da TSU, revelador das fragilidades intrínsecas e inultrapassáveis da geringonça, foi apenas o momento em que tudo ficou mais claro. Depois do miserável número ensaiado, com inusitado respaldo de algum baronato sedento do PSD, de tentar condicionar Passos Coelho, Costa recuou e averbou a mais pesada derrota política do seu mandato.

Na sombra desta derrota pesada há um somatório impressionante de derrotas dos Portugueses. Os atrasos alarmantes nos pagamentos na Saúde comprometem o bem estar dos utentes e a qualidade do serviço prestado; escondem-no, mas existe. Com profunda desumanidade, os pacientes do IPO de Lisboa enfrentaram a vaga de frio sem meios, nem o mínimo exigível de bem-estar; negaram-no, mas mentiram. Aparentemente, anunciaram a descida do IVA nas próteses médicas, esquecendo-se de dizer que isto implicará uma inevitável subida dos preços; omitem e enganam. A ADSE, que regularizava os pagamentos em prazos máximo de 1 mês, excede os 100% de atraso; disfarçam e não pagam. Há escolas a fechar por falta de verba para obras da estrita responsabilidade do Governo, como a emblemática Alexandre Herculano; tentam passar por entre os pingos da chuva que cai lá dentro. Abrem-se Tribunais por capricho político, não há actividade judicial com relevo mínimo; os cidadãos pagarão a factura pelo que não pediram. Os estagiários da Inspecção Tributária estão pendurados num estágio que deveria ter acabado há mais de um ano porque o Governo pensava que os esconderia ali ad eternum. Os reformados foram maltratados como nunca se viu; não é a sua dignidade que importa ao Governo, é o seu silêncio.

Costa acredita que, com a compra de Mário Nogueira, Rosário Gama e outros agitadores que a soldo incendiaram o país durante o processo de recuperação da bancarrota socialista, resolve a sua vidinha. Que os spinnings da miríade da Tesla e outras alucinações são cortinas de fumo eficazes para ir tapando a desgraça em curso. Para Costa, se não há greve, nem ‘manife’, o problema não existe; a degradação da vida dos portugueses é um detalhe que, não fazendo notícia, não faz mossa. A mentira, a negação, a má educação e a habilidade comandam a acção política sem pudor, nem remorso. Costa, o Brâmane, afronta tudo e todos, como se de párias ou intocáveis se tratasse. Até quando?

Lá fora, no país que se fez Nação com todos os que ali rumaram em busca de vida melhor, Donald, o filho de emigrantes, fecha as portas a uma percentagem importante dos que procuram os valores da América que diz querer tornar grande outra vez. Será interessante ver a percentagem de riqueza que famílias iranianas geraram e detêem nos Estados Unidos, para não falar da incomensurável estupidez de romper com o processo de aproximação ao Irão, a única potência estável da região. Será interessante escrutinar a origem dos condenados e suspeitos de terrorismo e fazer a comparação com a lista negra de Donald. Será interessante ver por quanto tempo será a América ainda Grande, e não um monstro. O tom, a encenação macaqueada de cada decreto disruptivo, em que a caneta parece uma pistola, não aparentam sequer força, instilam apenas ódio e controvérsia, iniciam a pior das guerras: a dos Americanos consigo próprios, com a sua história.

Disse muitas vezes que tenho profunda saudade da eleição disputada entre Obama e McCain, dois homens de superior visão política e dignidade patriótica. Donald anda em fúria a destruir o legado de Obama. McCain não tardou em vir, com a coragem que o caracteriza, criticar o furioso pistoleiro.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.