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Groundforce. Pedro Nuno Santos admite avançar para a nacionalização, diz acionista maioritário

Alfredo Casimiro aceita entregar as suas ações (50,1%) da Groundforce como garantia para obter um empréstimo por parte do seu maior cliente e acionista minoritário, a TAP, para resolver a situação imediata da empresa. Mas já propôs à tutela de Pedro Nuno Santos que possa pagar este empréstimo quando a empresa receber um empréstimo no valor de 30 milhões de euros que está a ser negociado com um sindicato bancário.
Rafael Marchante/Reuters
4 Março 2021, 12h45

O acionista maioritário da Groundforce disse que o ministro da Infraestruturas admite avançar para a nacionalização da empresa que se encontra atualmente numa situação financeira difícil perante a paragem global da aviação devido à pandemia da Covid-19.

Numa reunião que teve lugar esta semana, Pedro Nuno Santos admitiu que o Estado poderá avançar para a nacionalização da Groundforce, empresa de gestão de bagagens nos aeroportos nacionais.

“Reagi com surpresa porque efetivamente não me parece que a nacionalização seja uma solução”, disse Alfredo Casimiro, presidente do conselho de administração da Groundforce, ao Jornal Económico esta quinta-feira, 4 de março.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português.

“A empresa esteve nacionalizada entre o ano de 2006 e o ano de 2011, e a gestão foi catastrófica: a empresa perdeu em cinco anos 153 milhões de euros. É ilegal por parte da Comissão Europeia que a TAP possa ter a maioria, não percebo como é que o ministro vai fazer, deve ter com certeza alguma ideia, não faço ideia”, acrescentou.

Alfredo Casimiro enviou uma carta ao ministério das Infraestruturas na quarta-feira com uma proposta: aceita dar como garantia as suas ações em troca de um empréstimo, mas só se puder pagar este valor quando receber um empréstimo de 30 milhões de euros que está a ser negociado com um sindicato bancário.

“Estou disponível para dar o penhor das ações da Groundforce para que a TAP nos possa emprestar dinheiro até que venha o empréstimo do Banco de Fomento e das linhas de Covid” no valor de 30 milhões de euros, afirmou.

Em relação ao valor do empréstimo, “três milhões de euros é o que necessitamos para pagar salários em termos imediatos”. Mas o responsável também está a pedir à TAP o “pagamento de faturas que já estão vencidas de serviços prestados à TAP relativos a dezembro e janeiro”, no valor de seis milhões de euros.

Além de acionista minoritário da Groundforce, a TAP é também o maior cliente da empresa (70% da atividade). Ao entregar como garantia as suas ações, num prazo de repagamento apertado, Alfredo Casimiro arrisca-se a perder a sua posição para o seu parceiro na empresa, que é controlado maioritariamente pelo Estado.

Enquanto o impasse não é ultrapassado, a empresa continua numa situação financeira frágil, e os 2.398 trabalhadores ainda não receberam os seus salários de fevereiro. Os trabalhadores têm realizado várias ações de protesto esta semana, e para amanhã está marcada uma manifestação à porta do ministro das Infraestruturas em Lisboa a partir das 11h30.

Alfredo Casimiro adiantou que a empresa está a trabalhar nos pedidos de apoio “há um ano” e que, à exceção do lay-off, “não entrou um cêntimo” e que estão “entregues nas autoridades competentes”.

Inicialmente, o conselho de administração da TAP determinou a data de 15 de março para pagar este empréstimo, mas no valor de dois milhões de euros. Depois, uma segunda proposta foi feita no sentido de adiar o pagamento para 31 de março.

No entanto, o gestor diz que não aceitou esta proposta “porque temos de ligar uma coisa com a outra. Estamos numa situação de Covid, existem linhas Covid, não sei se a nossa já está montada, todos os documentos já lá estão, mas não me posso comprometer com uma data para devolver o dinheiro até 30 de março, quando não sei quando terei o empréstimo decorrido”.

Alfredo Casimiro argumenta que a atual situação financeira da empresa é “extraordinária devido à Covid”, porque a Grounforce era uma “empresa rentável” que gerou 43 milhões de euros de resultados positivos nos últimos oito anos, sob a sua gestão. “Perdemos dois terços da faturação, numa empresa em que 70% dos seus custos são com pessoal. Conseguimos durante o ano de 2020 reduzir os resultados negativos para 25 milhões de euros, com o apoio do regime de lay-off”.

“Enviámos a carta ontem, depois de uma reunião produtiva com o senhor ministro, com as condicoes de ligar este apoio de tesouraria para pagar salários, liga-lo com o pagamento destes valores do empréstimo que acreditamos que saia rapidamente”, afirmou.

Sobre prazos, Alfredo Casimiro acredita que pode chegar uma resposta “entre hoje e amanhã”.

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