A Central de Cervejas conseguiu finalmente, ao fim de várias décadas de tentativas frustradas, chegar a acordo para a sua principal marca de cervejas, a Sagres, começar a ser produzida em Angola. O Jornal Económico apurou que amanhã será inaugurada, em Luanda, a nova unidade fabril da empresa local SODIBA – Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola Limitada, que tem como acionistas Isabel dos Santos e Sindica Dokola, e que irá comercializar em Angola a cerveja Sagres.
O acordo já está feito há meses e prevê que a SODIBA produza a cerveja Sagres em Angola com os mesmos padrões da que é fabricada em Portugal, resultado da aprovação deste acordo por parte da Sociedade Central de Cervejas, e sob a supervisão do seu principal acionista, o Grupo Heineken, num regime de ‘trade mark license agreement’.
Esta vai ser a primeira cerveja internacional a ser produzida em Angola. A Sagres que vai começar a ser comercializada em Angola terá também a mesma imagem da cerveja da marca homónima que está disponível no mercado português.
O Jornal Económico sabe também que o malte para a produção da nova Sagres de Angola será exportado pela Central de Cervejas a partir de Portugal.
“Esta nova etapa da Cerveja Sagres em Angola, com produção local da mesma receita, é um marco estrutural para a marca, garantindo a sua acessibilidade permanente aos consumidores angolanos, com os habituais elevados padrões de qualidade e frescura que caracterizam a nossa marca”, sublinhou, em declarações ao Jornal Económico, Nuno Pinto de Magalhães, diretor de comunicação e relações institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas. Até ao fecho não foi possível contactar com os responsáveis da SODIBA.
O mercado angolano sempre foi considerado estratégico para as marcas cervejeiras portuguesas, mas sofreu um forte retrocesso com a crise económica angolana derivada da quebra internacional dos preços do petróleo, assim como, mais especificamente, com a entrada em vigor, em 2015, do novo regime fiscal em Angola, a incidir sobre todas as bebidas alcoólicas, e que teve impacto negativo no consumo de cervejas importadas.
No caso da Central de Cervejas, em 2014, o mercado angolano valia cerca de 20% das exportações globais portuguesas da marca Sagres. Com o impacto desses eventos, no ano seguinte, passou a valer apenas 13%, apurou o Jornal Económico.
A demanda pela produção de cervejas portuguesas em Angola vem de há décadas e tem sido perseguida quer pela Central de Cervejas, quer pela Unicer. Contactada, fonte oficial da produtora de cervejas, sedeada em Leça do Balio e pertencente ao grupo Carlsberg, adiantou ao Jornal Económico que “continuamos a gerir com seriedade a nossa presença em Angola, ainda que, atualmente, limitada à exportação”.
“Mantemos o compromisso com o país, pois há procura pelas nossas marcas. Quanto ao projeto de investimento industrial está, nesta fase, suspenso”, revelou a mesma fonte da Unicer.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal angolano ‘O País’, a SODIBA investiu cerca de 140 milhões de euros na construção desta nova fábrica, localizada no Bom Jesus, município de Viana, na área metropolitana de Luanda. Segundo assegura esse jornal, esta unidade é uma das mais modernas e bem apetrechadas fábricas de bebidas de toda a África Austral.
A nova fábrica da SODIBA está implantada numa área industrial com uma extensão de 40 hectares e tem uma capacidade instalada de produção anual de 144 milhões de litros, podendo reforçar-se até aos 200 milhões de litros de bebidas por ano.
Além da cerveja Sagres, a pretensão da SODIBA é produzir outras bebidas, numa estratégia multi-marca que se deverá estender às águas engarrafadas, refrigerantes, polpas e concentrados, além de bebidas espirituosas e dos ‘ready-to-drink’.
Uma das principais apostas da SODIBA será a produção de uma outra marca de cerveja para o mercado angolano, 100% de produção própria. Vai ser comercializada com a marca Luandina, uma espécie de réplica da famosa Laurentina de Moçambique, muito apreciada naquele país, em particular na capital, Maputo, antiga Lourenço Marques, de onde advém o nome da mesma.
A Luandina deverá estar disponível no mercado angolano a partir do primeiro semestre de 2017.
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