O Ocidente começa de novo a pensar na indústria pois há uma ligação entre produção industrial, desenvolvimento tecnológico, inovação, serviços e emprego qualificados.
Os EUA tinham assistido à liquidação de uma parte da sua base industrial tradicional, tendo-se transformado numa base de serviços avançados e respetiva indústria e serviços de suporte, assentes no conhecimento e inovação. Os EUA sofreram um processo de desindustrialização, ficando apenas com as fábricas de produção de conhecimento que lhes permitiam conceber e fazer a engenharia de desenvolvimento de novos produtos, mas deslocando a produção manufatureira para países emergentes como o México e a China.
Os EUA querem voltar a produzir de novo no seu território e desenvolveram programas como o da “manufatura aditiva”, da qual o exemplo mais evidente é o da impressão 3D. Ela difere da manufatura tradicional, que funciona através do corte ou da perfuração de materiais para obter o produto final. Na manufatura aditiva criam-se objetos pela adição sucessiva de layers de materiais, indo dos plásticos, ao metal e à cerâmica.
A Alemanha, que não teve um processo de desindustrialização, desenvolveu o conceito de Indústria 4.0 quer para fazer o upgrading dos setores industriais, que já eram muito competitivos à escala mundial, quer para desenvolver e oferecer à escala global um conjunto de tecnologias digitais que suportam o desenvolvimento da Indústria 4.0. Os meios de produção estarão ligados digitalmente, as cadeias de abastecimento estarão integradas e os canais de distribuição serão digitalizados. Teremos a integração entre o mundo físico e o mundo digital, através dos chamados sistemas de produção ciberfísicos (CPS – cyber phisical systems), repousando numa digitalização dos processos de produção com troca de dados, durante o processo de fabricação, entre produtos e máquinas por um lado, e entre diferentes atores das cadeias de produção e das cadeias de valor por outro.
Teremos assim, ao nível da fábrica: integração vertical e sistemas de produção digitalmente integrados; integração digital ao longo de todos os segmentos da cadeia de valor da empresa (“end-to-end engineering”); e colaboração digital entre as empresas, através da integração horizontal entre redes de valor.
A implantação da Indústria 4.0 é um processo multianual, pelo que mais aplicações se desenvolverão à medida que as tecnologias se forem tornando maduras. A convergência entre o mundo físico, as tecnologias digitais, os sistemas biológicos e as ciências da vida dá origem à 4ª revolução Industrial.
A política industrial portuguesa tem obviamente que apoiar as empresas na introdução do modelo da Indústria 4.0, mas não se pode reduzir a isso! Com efeito, ainda temos um conjunto de fragilidades que os alemães já resolveram. Em certos casos, como diriam os franceses, já não será mau agarrarmos a Indústria 3.0!