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Groundforce. Perante ações penhoradas do acionista privado, comissão de trabalhadores defende nacionalização para “salvaguardar postos de trabalho”

Os trabalhadores estiveram reunidos com o ministro das Infraestruturas que lhes comunicou que as ações do acionista privado, a Pasogal detida por Alfredo Casimiro, encontram-se a ser usadas como garantia noutro empréstimo, não podendo ser usadas para garantir uma injeção de capital que serviria para pagar os salários em atraso de fevreiro na Groundforce.
André Kosters/LUSA
9 Março 2021, 08h00

A Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce defende a nacionalização de forma a “salvaguardar postos de trabalho” num momento em que 2.400 trabalhadores da empresa têm por receber os salários de fevereiro.

“Consideramos que a única solução para segurar a empresa e salvaguardar os postos de trabalho é a nacionalização, sendo que só o primeiro-ministro poderá resolver a situação”, pode-se ler num comunicado da CT divulgado esta terça-feira, 9 de março.

A CT esteve reunida com o ministro das Infraestruturas na segunda-feira que os informou de vários desenvolvimentos em relação à empresa: “As ações [da Pasogal] já estão penhoradas não podendo assim ser dadas como garantia”, segundo o comunicado.

Pedro Nuno Santos também informou a CT que “não descarta medidas para salvar a continuidade da empresa, mas também não descarta a insolvência”.

No mesmo encontro também foi comunicado que “sem a garantia da entrega das ações [pela Pasogal], não poderá haver injeção de capital [empréstimo da TAP]”.

Os trabalhadores da Groundforce manifestaram-se na segunda-feira em frente ao Parlamento para exigir o pagamento dos seus salários de fevereiro.

A Comissão de Trabalhadores foi recebida ontem por vários partidos: PCP, BE, PAN e a deputada Joacine Katar Moreira. “Os grupos parlamentares que nos receberam comprometeram-se a auxiliar-nos e a questionar os órgãos governamentais sobre os salários e a manutenção da Groundforce”.

A CT convocou assim uma manifestação para quarta-feira, 10 de março, das 11h30 às 14h30 em frente à residência oficial do primeiro-ministro, o Palácio de São Bento em Lisboa.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português.

O ministério das Infraestruturas disse na segunda-feira que não foi possível alcançar um acordo com o acionista privado da Groundforce, por Alfredo Casimiro ter recuado no acordo.

Este acordo previa um empréstimo pela TAP de dois milhões de euros à Groundforce para regularizar os salários em atraso dos 2.400 trabalhadores da empresa.

A tutela de Pedro Nuno Santos disse ontem que “não foi possível chegar a acordo porque Alfredo Casimiro disse que não tem as ações para dar como penhor”, segundo revelou fonte oficial do ministério ao JE. O empresário terá dado estas ações como garantia noutro empréstimo bancário impossibilitando o seu uso neste empréstimo, apurou o JE.

Segundo revelou a SIC Notícias, parte das ações da Pasogal foram entregues como garantia em 2016 quando vários credores reclamaram 44,2 milhões de euros ao grupo Urbanos, detido por Alfredo Casimiro, empresa de mudanças que se encontra em Processo Especial de Revitalização (PER).

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