Nascido em Angola, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, estudou belas-artes, esteve na consultora de inovação e design britânica Fjord, depois na também inglesa Vinil Factory, fundou a editora de música Enchufada e, mais tarde, criou a Kwame Corporation, que agora adotou um novo nome: Impossible Labs e que se destina a resolver problemas para grandes empresas.
A Impossible Labs foi criada a partir da união entre a KwameCorp, co-fundada por Kwame Ferreira, e a Impossible. É uma agência de design, engenharia e inovação mundial que fornece soluções tecnológicas para várias gigantes internacionais (Google, Samsung, Roche, Intel, entre outras), que projeta e desenvolve produtos e serviços digitais com impacto social positivo, e com sentido de responsabilidade sustentável e ética, tendo escritórios em Lisboa, Londres, São Francisco e Brisbane, a Impossible Labs conta, a nível global, com mais de 70 profissionais das mais variadas nacionalidades e tem ainda uma loja online.
Entre os vários produtos e soluções desenvolvidas estão o Fairphone (o primeiro telemóvel com preocupações éticas), o desenvolvimento de aplicações para a Tango da Google, a plataforma financeira empresarial Braveno (lançada no WebSummit 2016) e, mais recentemente, o projeto Nikabot (chat bot de produtividade empresarial).
Já a Impossible desenvolveu-se como uma plataforma de economia social, com a missão de ser uma rede social dirigida a altruístas. Criada pela atriz e modelo Lily Cole [com quem Kwame é casado], a plataforma tem vindo a expandir-se para outras áreas, às quais a Impossible Labs se junta agora para contribuir com a sua experiência e conhecimento em tecnologia e design, e com o objetivo de “Reimaginar o mundo com um produto de cada vez”.
Kwame, de 39 anos, passou os primeiros anos de vida em Angola [os pais estavam a fazer documentários sobre a diversidade cultural angolana]. Mais tarde, esteve alguns anos no Brasil e passou ainda por outros países até “aterrar” na serra de Monchique. “Cresci num ambiente idílico e protegido do mundo”, conta ao Jornal Económico.
“A minha mãe voltou a casar com um alemão que nos deu outra maneira de ver a realidade, talvez mais pragmática e direta. Foi essa educação alemã que grande impacto teve na minha adolescência. Tornei-me cada vez mais fascinado com a mecânica do mundo. Perceber como funcionam pessoas, equipas, empresas, máquinas. Estudei design em belas artes, e acabei em Boston a estudar sociable media. Depois disso decidi deixar o conforto do mundo académico e fui até Londres tentar perceber a dinâmica do mundo corporativo”, explica.
Em Londres ajudou a crescer a Fjord, uma empresa de consultoria global que foi vendida à Accenture. Foi nesse ambiente que cresceu como criativo e criador na área digital. “Depois farto do digital, comecei a trabalhar em vinil (o mais analógico possível), ajudando a crescer a Vinyl Factory em Londres e a Factmag.com, que criei, sendo hoje uma publicação de referência mundial na música”, contou ao Jornal Económico.
Em permanente viagem pelo mundo, a visão de Kwame sobre Portugal é bastante positiva. “Sempre achei Portugal a Califórnia da Europa. Precisamos de reinventar o Silicon Valley e estamos estrategicamente (não só geograficamente) bem posicionados para o fazer. Primeiro, isso passa por reinventar o modo como operamos ao nível de equipas, ao nível de empresas. A partir daí a viagem ao futuro torna-se mais fácil. Com o nosso legado mais social e atenção aos pequenos prazeres da vida, o tipo de inovação e futuro que podemos criar, será sem dúvida mais equilibrado e crítico, onde a riqueza possa ser distribuída de um modo mais justo e onde uma visão mais planetária possa finalmente vingar”, diz. O empreendedor salienta ainda a “criatividade e boa ética de trabalho, principalmente ao nível de equipas”.
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