Um parlamentar espanhol protestou contra a falta de respostas úteis do governo às questões dos parlamentares, que se limitam a um parágrafo genérico, de uma forma original: fez uma pergunta escrita ao governo sobre qual é o protocolo em caso de um apocalipse zombie. A resposta foi extensa e detalhada: primeiro, que o governo não dispunha de protocolos para o fim do mundo, porque “pouco se pode fazer nessa altura”; segundo, que se se “referia a situação catastrófica ocasionada por agentes naturais ou humanos”, a Espanha tem um sistema global de procedimentos, da proteção civil às forças de segurança; terceiro, se o apocalipse se deve “a pessoa morta e reanimada por artes de bruxaria”, não há protocolos específicos dada a “baixa probabilidade de tal circunstância”. O deputado queixa-se agora que as perguntas ridículas têm respostas esmeradas e céleres, enquanto as sérias são respondidas tarde e mal.

Estas acusações de parte e doutra são normais nos dias de hoje. Uns são brindados com perguntas em número excessivo e, por vezes, reconheça-se, destituídas de bom senso ou sentido prático, os outros recebem respostas muitas vezes superficiais. Ainda este ano, os presidentes da Comissão e do Parlamento Europeu concordaram em a Comissão enviar melhores respostas ao Parlamento na condição deste enviar melhores e menos perguntas à Comissão. Com efeito, Jean Claude Juncker recebe mais de 40 perguntas por dia, algumas delas “especiais”, como “a água hidrata?” ou “como podemos impedir os carros de atropelarem tartarugas e gatos?”.

É verdade que também há eurodeputados únicos no seu género, suscetíveis de questões sui generis, como ter acesso aos “relatórios sobre a morte de Osama bin Laden”, perguntar sobre a diretiva para carros islâmicos, com o GPS a apontar para Meca, ou, ainda, se o monopólio dos cemitérios está conforme às regras da concorrência. Korwin-Mikke defendeu num debate parlamentar que as mulheres devem ganhar menos “porque são mais pequenas e menos inteligentes”. Queria ver a sua chegada a casa! Mas uma que eu gosto particularmente é a do ex-eurodeputado holandês Florus Wijsenbeek, que notou que “num único inverno 68 sapatos esquerdos e 39 direitos deram à costa na ilha holandesa de Texel”, enquanto nas Shetland deram “63 esquerdos e 93 direitos”, portanto perguntava se “a Comissão considera a distribuição justa” e o que pensava fazer para haver uma distribuição equilibrada. Como qual ficamos a saber que os holandeses vão gastar o dinheiro em mulheres e sapatos, talvez não por essa ordem.