Em fevereiro a Nanium (ex Qimonda) e os norte-americanos da Amkor Technology, Inc. anunciaram um acordo para a compra da empresa de Vila do Conde. O fecho da transação estava previsto ocorrer no primeiro trimestre do ano, mas até agora ainda não há desfecho da venda dessa empresa que surgiu das cinzas da falência da Qimonda em 2009. O dossier está agora nas mãos do secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo.
O Estado (18%, através da AICEP), Millennium BCP (41%) e Novo Banco (41%) celebraram contratos de venda das suas participações no capital social e créditos da Nanium à Amkor, que passa a ser o único acionista, mas falta a autorização do ministério das Finanças que, segundo fonte, conta ter uma decisão a tempo. Isto apesar de o prazo do acordo com os norte-americanos estar a esgotar-se, soube o Jornal Económico.
“A AICEP – Agência para o Investimento e Comércio de Portugal, solicitou autorização à tutela para a aceitação de uma oferta de aquisição da Nanium pela sociedade Amkor Technology, Inc.. A tutela esteve de acordo com a proposta da AICEP e, a informação de que dispomos, refere que o processo está, atualmente, a aguardar parecer do Gabinete do Secretário de Estado do Tesouro, estando tudo a ser feito para concretizar a venda nas datas previstas”, garante a instituição liderada por Luís Castro Henriques.
Os bancos por sua vez acreditam que a venda será concretizada em tempo útil, e vêem nos motivos do atraso questões meramente processuais.
Segundo fonte, a demora está relacionada com os valores subjacentes ao acordo de venda. Em fevereiro a AICEP garantia que ia recuperar de imediato, e na totalidade, os créditos relativos aos incentivos concedidos à ex-Qimonda, no âmbito da venda à Amkor, e recuperar o capital investido na sua sucessora Nanium.
Nanium (ex Qimonda) e a Amkor Technology, Inc. anunciaram um acordo para a venda da empresa do Mindelo, em Vila do Conde, ao grupo norte-americano, com sede no Arizona em fevereiro mas os termos do negócio não foram anunciados. Na altura o comunicado conjunto afirmava que o acordo “reforçará a posição da Amkor no mercado de rápido crescimento do encapsulamento de semicondutores”.
Fornecedora de encapsulamento, montagem, teste, engenharia e serviços de produção de semicondutores, a Nanium começou como Siemens Semicondutores em 1996, integrando depois a Qimonda. Quando o gigante alemão faliu, em 2009, a empresa conseguiu ganhar de novo vida como Nanium em Portugal e especializou-se na tecnologia de nicho do encapsulamento de semicondutores em Wafer-Level Fan-Out, 100% para exportação e 80% para o mercado dos telemóveis.
O projecto inicial previa que os alemães da CentroSolar, em parceria com a Qimonda AG, criassem em Vila do Conde uma fábrica de células fotovoltaicas – a Itarion Solar – considerada um Projecto de Interesse Nacional (PIN) pelo governo português. A falência da Qimonda AG pôs em risco o projecto solar.
O governo deu-lhe a classificação de PIN (Projecto de Interesse Nacional) e o primeiro-ministro José Sócrates esteve nas cerimónias de assinatura de contrato ou de lançamento da primeira pedra. O investimento da Itarion (Qimonda Solar) em Vila do Conde de 75 milhões de euros, de acordo com os valores elegíveis do QREN, tinha recebido um incentivo de 27,3 milhões de euros, que não terá chegado a ser pago diz a imprensa na altura. Os credores da Itarion acabaram por pedir a insolvência depois de falharem as negociações entre o parceiro alemão e um consórcio de que faziam parte EDP, Visabeira, BES e BCP e o angolano BPA.
A equipa de gestão acabou por dar a volta à uma unidade falida, pagando aos credores e colocando a unidade, de novo, na liderança mundial no que respeita a tecnologia de encapsulamento de semicondutores.
Em fevereiro deste ano o presidente da empresa, Armando Tavares, dizia à imprensa que a capacidade tecnológica da Nanium, num momento importante da cadeia de produção dos semicondutores foi decisivo para atrair a atenções do gigante norte-americano, até agora concorrente da Nanium, com vendas de quatro mil milhões de dólares, 400 vezes acima da empresa portuguesa.
Com 555 trabalhadores e outros postos de trabalho em regime de prestação de serviço, a Nanium faturou 35 milhões de euros em 2016, mais 25% do que em 2015, e investiu 16 milhões de euros no ano passado. Em 2017, o programa de crescimento prevê a aplicação de mais 9 milhões de euros na empresa.
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