O “Digital” de que tanto se fala não é mais do que uma alteração profunda do nosso modo de vida e da forma como as empresas estão no mercado.

A procura pelas empresas de novas oportunidades de crescimento e posicionamento, tendo por base tecnologia, tem proporcionado o surgimento de novos modelos de negócio focados em agilidade e inovação. Em paralelo, surge um consumidor com novas expectativas, mais exigente com o produto e a experiência que lhe é proporcionada, e que passa a estar no centro do processo criativo, decisão, competição e ciclos de investimento das empresas.

Neste novo contexto, será que as áreas de IT das empresas estão preparadas para suportar e potenciar o processo de transformação digital? Na maior parte das empresas em Portugal a resposta é (ainda) não!

Este “novo IT” pretende acelerar a entrega de resultados, centrar produtos e serviços nas necessidades do consumidor e na experiência a proporcionar, e suportar o negócio na experimentação a baixo custo e inovação contínua, permitindo que a empresa cause disrupção e ao mesmo tempo evite ser alvo da mesma. O IT passa a ser uma alavanca estratégica do negócio e não apenas um fornecedor de serviços de suporte.

Esta dinâmica é bastante diferente da realidade atual da maior parte das empresas portuguesas, onde as áreas de IT estão tipicamente focadas na eficiência operacional e na gestão de custos fixos dos sistemas legados, caracterizados por ciclos de investimento longos e resultados espaçados no tempo.

Surge então a necessidade de um novo modelo de IT baseado em cinco princípios chave para suportar a transformação digital das empresas:

(i) Garantir uma maior flexibilidade e agilidade para uma rápida concretização de novos modelos de negócio e funcionalidades – novos modelos de cooperação entre o IT, negócio e ecossistema de parceiros, fomentando a inovação, adoção de novas tecnologias e o codesenvolvimento de produto;

(ii) Simplificar sistemas e arquitetura tecnológica – separação e gestão distinta de sistemas responsáveis pela interação e experiência dos clientes, que têm mais necessidades de evolução e mais rápidas, dos sistemas legados, cujo foco está no processamento de operações, e com necessidade de maior estabilidade e de mais difícil evolução;

(iii) Normalizar e automatizar os processos de IT – capacidade de gerir uma maior complexidade e diversidade tecnológica, respondendo a diferentes necessidades de negócio, através da adoção de novos standards, metodologias e automação (e.g. Agile, DevOps);

(iv) Desenvolver uma nova cultura e talento – criação de novas competências digitais nas empresas e de diferentes formas de trabalhar, garantindo a atração e retenção do talento e incorporando novos modelos de colaboração (e.g. crowdsourcing);

(v) Disseminar conhecimento tecnológico na Organização – parte da mudança está nas áreas de negócio e na autonomia dos seus utilizadores, passando o conhecimento das tecnologias a ser crucial no desenvolvimento de produto e no dia a dia (e.g. acesso a informação).

Esta transformação do IT será tanto mais efetiva, quanto mais o CIO/CTO estiver preparado para ser um dos atores principais na transformação digital das empresas.