No início desta semana teve lugar no Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva um evento estimulante: a final do FameLab – um concurso que premeia o talento daqueles que melhor conseguem comunicar a ciência. Esta é uma área fascinante com um enorme potencial para manter e desenvolver a cooperação bilateral entre Portugal e o Reino Unido (RU).
É amplamente reconhecido que o RU é uma referência internacional na investigação científica, mas talvez muitos não saibam que foi aí que nasceu o FameLab em 2005. Os objetivos consistiam em: incentivar os cientistas a comunicar com o público de uma forma aberta, inspiradora e interativa; estimular as gerações mais jovens a considerar uma carreira na ciência e comunicação de ciência; e promover a ciência como parte integrante da cultura.
A ideia teve tanto sucesso que, em 2007, o British Council (BC) decidiu pegar no projeto e expandi-lo um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal, onde a ciência tem sido uma prioridade de sucessivos governos. A parceria com o BC conduziu à globalização do concurso, com mais de 5000 jovens cientistas, engenheiros e matemáticos a participar em mais de 25 países. Em Portugal, o FameLab foi lançado em 2010 em parceria com a Ciência Viva-Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, a que se juntou mais recentemente a Fundação Gulbenkian. Entre os participantes portugueses, destaco dois casos de sucesso: Rogério Martins, que concorreu à 1ª edição do FameLab e é apresentador do programa “Isto é Matemática” na SIC; e Pedro Ferreira, Doutorado em Neurociências, que venceu o concurso “Hall of FameLab” em 2015.
Mas a cooperação científica entre os nossos dois países vai muito para além deste concurso. Existem vastas ligações entre instituições académicas e científicas, académicos e investigadores, e o RU é um dos países onde mais estudantes portugueses decidem conduzir os seus estudos de doutoramento.
Na carta a invocar o Artigo 50, a primeira-ministra May salientou a importância de manter a cooperação na investigação científica após sairmos da UE. Ao definirmos a relação pós-Brexit com parceiros europeus importantes como Portugal, procuraremos manter e reforçar esta cooperação, aproveitando as novas oportunidades que surgirem.
Na próxima semana estarei em Braga para o lançamento do “Discoveries Centre”, um consórcio entre universidades portuguesas e a University College London, que visa criar um centro de excelência em medicina regenerativa. Em abril estive na Ilha da Terceira para o lançamento do AIR, projeto que visa estabelecer nos Açores um centro internacional de pesquisa sobre temáticas do espaço, oceanos, clima e energia. E temos planeadas para este ano várias iniciativas com vista a partilhar conhecimentos e experiências na área da diplomacia científica.
São múltiplos exemplos do que temos feito e vamos continuar a fazer no âmbito da ciência, uma das componentes do nosso relacionamento bilateral que queremos fomentar, demonstrando que a histórica Antiga Aliança permanece válida hoje em dia, e se renova.