O Instituto de Apoio à Criança (IAC) divulgou à Lusa os dados referentes aos raptos parentais ocorridos em 2016. A partir dos dados do IAC é possível constatar um aumento de 38% nos casos de rapto parental, com um total de 14 casos registados, mais cinco do que em 2015. No entanto, a fuga voluntária, com 17 casos registados, é a maior causa de desaparecimento de crianças e jovens. O IAC registou ainda dois casos de crianças migrantes não acompanhadas desaparecidas, dois casos de crianças perdidas e ainda duas situações em que não é especificada uma causa para o desaparecimento. Do total de crianças desaparecidas, ainda se desconhece o paradeiro de 15. Nas situações em que a criança foi localizada, verificou-se que a duração do desaparecimento foi, na maioria dos casos, inferior a 48 horas (24%).
Em entrevista à agência Lusa, por ocasião do Dia Internacional da Criança Desaparecida, que se assinala na quinta-feira, o coordenador do serviço SOS-Criança, Manuel Coutinho, comentou estes dados, manifestando preocupação com a situação das crianças e jovens no nosso país. De acordo com Manuel Coutinho, o maior foco de preocupação do serviço que coordena é a situação das “crianças migrantes não acompanhadas fugidas da guerra, que são muitas, que se deslocam pela Europa, e depois desaparecem, supondo-se que vão para as redes de tráfico”.
Coutinho refere ainda que as situações de raptos parentais e as fugas voluntárias também merecem reflexão: “Ninguém foge de um sítio onde está bem. Por isso, quando a criança é encontrada não deve ser devolvida (…) sem se analisar bem o motivo que a levou a sair de lá”, disse, acrescentando ainda ser importante “humanizar as instituições, tentar que funcionem da melhor maneira possível”, bem como “pôr a lupa em cima das famílias e perceber o que é que leva as crianças a fugir de casa”.
O secretário-geral do IAC apontou o dedo ao papel da Internet nas situações de fuga das crianças e jovens, declarando que, por vezes, “é mais perigoso” as crianças estarem a navegar na Internet em casa do que estarem a brincar na rua, e alertando para que “o desaparecimento de crianças tem uma correlação positiva com a exposição, principalmente, dos estados de alma e da curiosidade que eles têm nas redes sociais”.
Para evitar estas situações, Manuel Coutinho defende a necessidade de explicar aos pais os perigos que existem ao navegar na Internet.
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