A PT Portugal e a MEO vão passar a ser Altice. Faz sentido? Talvez.

A Altice contratou Cristiano Ronaldo para a publicidade da MEO a pensar precisamente na Altice como marca internacional, presente em várias geografias, e não na portuguesa MEO que partilha a nacionalidade com o craque mundial. Foi uma boa estratégia, sem dúvida. E é exatamente por isso que Ronaldo continua a ser embaixador da marca e vai estar em breve na campanha da Altice USA.

Tenho de admitir que me custa ver desaparecer cada vez mais marcas portuguesas e vê-las ser substituídas por marcas estrangeiras. Bem sabemos que precisamos de investimento estrangeiro e que a economia portuguesa sem isso não sobrevive. Mas ver marcas como a PT desaparecer mete respeito – porque esta era daquelas marcas que sempre pensámos ser difícil ver morrer.

Bem sei que o BES também “o era”. E por isso mesmo ainda hoje choramos a sua morte, seja pelas perdas financeiras que deixou a muitos, seja porque custou aos portugueses ver como caem os grandes e como o impossível acontece.

A PT, tal como o BES, fazia parte daquela lista de nomes que sempre pensámos que nunca deixaria de existir. Era portuguesa, dominava, era grande, era forte e, pensávamos nós, resistente. Mas a verdade é que o BES desencadeou um efeito dominó que ainda hoje se sente. E a PT Portugal foi uma dessas peças. Agora, a marca que sempre conhecemos, que fazia parte do mundo das telecomunicações vai deixar de existir e a grande rede, o grande monopólio deixa de ter nome português.

É uma nova fase de um grande grupo que já não é português e que, por isso, vai deixando cair marcas que todos conhecemos desde sempre para substituir pelas suas. Se pensarmos como a Altice, como negócio, não faz sentido ser de outra forma. Mas para nós, portugueses – do fado e da saudade, dos telefones com disco até aos anos 90 –  é triste ver mais uma das grandes sair de cena. É estranho. Mas se há povo de mais fácil adaptação à mudança somos nós e estou certa que daqui a uns anos já estaremos todos habituados à Altice em vez de PT Portugal ou MEO.

Das grandes marcas ficam as boas memórias e deste grande grupo existem muitas lições a retirar, boas e más. A vida das marcas também é feita de início, meio e fim e a destas duas, MEO e PT Portugal, acaba agora. O grupo começa uma nova vida com uma nova marca criada pela agência responsável pela nova entidade da Amazon. Segundo palavras do CEO da Altice, Michel Combes, “uma marca não é apenas um logótipo, é uma completa transformação para a companhia”.

Uma coisa é certa, com uma identidade única cria-se, na marca e no grupo, um sentimento de maior união, que faz seguramente mais sentido, não só neste grupo como em todos.

Adeus PT Portugal e MEO. Boa sorte Altice.