Donald Trump fez a sua primeira grande incursão de política externa norte-americana. Esteve no Médio Oriente e na Europa, visitando os seus principais aliados e participando em duas reuniões da maior importância: a do G7 e a da NATO. Nestes dois grandes eventos internacionais desiludiu, fosse pelo seu comportamento, fosse pela falta de capacidade de negociação de compromissos.
Donald Trump e a sua corte familiar pareciam estar a participar num tour turístico, em que em cada momento se tenta escolher uma indumentária a rigor para marcar a performance desejada. Ensaia-se uma expressão e faz-se a devida comunicação do evento. Apesar de isto parecer politicamente irresponsável para o líder da maior potência mundial, é possível que este tour seja ainda pior do que se está agora a comentar. Pode, muito simplesmente, ter-se tratado da tournée de um artista que tem como objetivo manter o seu programa de entretenimento no seu país, onde é cada vez mais contestado. Cioso de audiências, não lhe importa a escalada de violência nem a corrida armamentista, porque isso criará emprego no país a que preside, nem que medidas para controlo das alterações climáticas sejam tomadas, porque a sua promessa foi manter os níveis de competitividade da indústria norte-americana.
Nesta visita, Trump provou ser um líder sem qualquer visão e sem vontade política. Prefere gerir a sua política externa ao sabor do que pode obter na política interna. Claro que na Europa já se desenham alternativas a uma hegemonia única da aliança com os Estados Unidos. Trump é para os aliados europeus cada vez menos confiável, pois não promove nem negoceia nas áreas das quais depende boa parte da coesão europeia: os refugiados e as alterações climáticas.
Donald Trump pode bem vir a ser o rosto do início do fim da hegemonia única dos EUA. O mundo está em convulsão e novos atores globais surgirão, enquanto outros regionais lutarão por mais protagonismo. Olhando para a América Latina, para a Ásia, vemos isso a acontecer. O que este ainda recente presidente dos Estados Unidos não consegue entender é que foi a internacionalização/globalização que deram a posição cimeira aos EUA na política mundial. Ora, o seu isolacionismo e a falta de visão de conjunto da política externa norte-americana contrariam aquilo que afinal foi o segredo do seu sucesso, podendo mesmo ditar a sua decadência.