Todos nós recordamos a desagradável surpresa da inesperada fatura de telemóvel com valores astronómicos depois de uma viagem de férias. As empresas têm igualmente bem presente os constrangimentos associados aos custos de chamadas e dados das viagens dos seus quadros e comerciais ao estrangeiro.
Em alguns estados africanos, esta dor de cabeça foi resolvida mais cedo do que na União Europeia (UE). Em 2014, a Comunidade da África Oriental (CAO), composta pelos estados do Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda, acordou criar uma zona de rede única de telecomunicações, onde seriam abolidas as taxas de roaming. Em dezembro de 2016, apenas três meses após a implementação do acordo, os primeiros resultados recolhidos foram espantosos, com aumentos de 950% nas chamadas entre o Quénia e o Ruanda. Em novembro de 2016, os reguladores de cinco estados da África Ocidental seguiram o bom exemplo da CAO e estabeleceram igualmente o compromisso de abolir o roaming para fomentar as comunicações entre os seus cidadãos e empresas.
O impacto que a abolição do roaming tem na redução de custos das telecomunicações e no consequente aumento do comércio e da interligação de culturas entre estados está mais do que comprovado. Porém, foi somente na passada quinta-feira dia 15 de junho de 2017, após um processo negocial que dura há mais de dez anos, que o roaming foi totalmente abolido na UE pela entrada em vigor da legislação que a União denominou “Roam like at home”. A partir de agora, nas comunicações entre estados da UE, os cidadãos europeus pagarão o mesmo preço que pagariam no seu tarifário nacional para outras redes.
Para alguns, esta mudança passará despercebida, mas para a maioria dos jovens e da população ativa que viaja em negócios com regularidade, a abolição do roaming é uma mudança de paradigma que recorda a abolição das fronteiras após a implementação do Espaço Schengen.
Como em muitas outras dimensões das nossas vidas, também no que se refere à UE preferimos normalmente enfatizar as coisas más e esquecer as coisas boas. A abolição do roaming é um pequeno exemplo do extraordinário impacto que a UE tem no dia a dia dos mais de 500 milhões de cidadãos europeus. Apesar de chegar mais tarde do que desejável, é importante sublinhar este marco histórico que evidencia as vantagens diretas da UE na vida das pessoas e das empresas.