Já há muito tempo que se fala de moedas criptográficas, como as bitcoins, e muito se diz sobre a sua utilidade e segurança, assim como sobre o seu futuro e utilização. A maior parte das críticas feitas a esta moeda estão relacionadas com a lavagem de dinheiro e de como ambas estão conectadas.
Mas quando ouvimos estes comentários, há duas perguntas que nunca me saem da cabeça: se deixássemos de utilizar uma moeda por esta ser utilizada em esquemas fraudulentos e de lavagem de dinheiro, o que nos resta? Voltamos à economia de subsistência e de trocas de couves por alfaces?
É claro para mim que a segurança da moeda é de uma enorme importância, assim como é claro para mim que as moedas criptográficas oferecem aos utilizadores essa mesma segurança. Há, no entanto, fantasmas em torno destas questões que é necessário desmitificar.
Há pouco tempo li um artigo que dizia que, apesar dos avanços registados e da abertura que mais governos vão tendo em relação às criptomoedas, apenas quando o valor de todas as bitcoins ultrapassar o do ouro, poderá esta criptomoeda afetar a economia mundial. E para isso ela terá de se valorizar duas centenas de vezes.
E eu digo: e isso vai acontecer mais rápido do que estamos à espera. Se uma pessoa tivesse comprado mil dólares em bitcoins em 2010, teria hoje 35 milhões de dólares na carteira. Isto por uma razão simples: a bitcoin é uma moeda que valoriza e desvaloriza de acordo com a lei básica da oferta e da procura, e não porque um Estado ou Governo pretende fazê-lo através de diferentes mecanismos.
Os especialistas alegam que o disparo do valor da bitcoin comporta alguns riscos como a falta de regulamentação, o uso da moeda em ataques cibernéticos e a concorrência de centenas de novas criptomoedas. Mas a regulamentação existe, embora de forma diferente das moedas tradicionais, pois a bitcoin não é uma moeda tradicional e não está diretamente relacionada com bens materiais, como o ouro, ou com a economia no geral.
Os ataques cibernéticos existem desde sempre mesmo com o dinheiro tradicional ou com cartões de crédito. É errado pensarmos que não vamos utilizar bitcoins porque estas são utilizadas em ataques cibernéticos ou em esquemas de lavagem de dinheiro. Assim diríamos também que não vamos utilizar cartões de crédito por causa das fraudes existentes.
Por fim, a concorrência não é inimiga de ninguém. Há centenas de anos que vivemos com diferentes unidades monetárias que concorrem entre si. Porquê é que agora seria diferente? Se as criptomoedas foram avaliadas de acordo com a lei da procura e da oferta, a concorrência até é feita de uma forma mais leal e honesta.
Então qual o medo das pessoas em aderir a estas novas formas de dinheiro? É por estas moedas serem invisíveis? Nos cartões de débito ou crédito também são. É por serem anónimas? O dinheiro físico também o é. É porque as bitcoins são utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro? Todas as outras moedas também são…
Não há moedas mais perfeitas do que as criptográficas, por estarem pouco expostas às leis e vontades dos Estados, por estarem dependentes da lei básica da oferta e da procura e porque têm em si o maior benefício de um utilizador poder transferir fundos para qualquer parte do mundo em apenas alguns segundos e a custar apenas alguns cêntimos.
É da maior importância que compreendamos estas questões, que não nos deixemos afetar pelos fantasmas que são criados em torno destas “novas” moedas, pois a indústria tradicional que opera nestas áreas está a prever um futuro infeliz para si própria e está a fazer tudo aquilo que pode para sobreviver. Esta é a maior interessada em acabar com as criptomoedas. Não podemos deixar. Não podemos deixar que as pessoas menos informadas sejam levadas a acreditar de que estas moedas são perigosas, inseguras, voláteis e que têm o seu fim agendado.
O futuro vai acontecer de qualquer forma e passa pelas moedas criptográficas. Temos de trabalhar na informação da população, em garantir uma ainda maior segurança destas moedas, porque o futuro passa por elas e não vale a pena escondermos a cabeça na areia.