Para a segunda parte do ano, surgem as inevitáveis interrogações por parte dos investidores. É de esperar uma inversão nas tendências dos mercados financeiros? Ou veremos uma manutenção das atuais dinâmicas? Algumas evidências apontam para este último cenário. Desde logo, porque, de facto, os riscos políticos parecem neste momento mais mitigados, sobretudo na Europa. As eleições em França parecem ter trazido um novo mandato para reformar o euro, em detrimento de uma alternativa política eurocéptica e protecionista. Isto significa que os mercados se movimentarão mais em torno dos fundamentais do que em torno das narrativas sobre a incerteza em torno da área do euro, o que desde logo traz menor volatilidade. Sendo assim, o enfoque ficará mais relacionado com catalisadores como a direção da política monetária dos bancos centrais, e aqui existem razões para pensar que este processo será gradual e compatível com o atual ritmo de crescimento das economias. Ritmo de crescimento esse que aponta agora para uma normalização do ciclo da economia europeia, embora persistam ainda fragilidades evidentes nos países da periferia, como é o caso de Portugal.
A rota parece ser, por isso, para manter. Os ativos de risco, sobretudo os mercados desenvolvidos de ações europeias, podem continuar a manter-se como uma sólida oportunidade, à medida que os fundamentos da economia e da saúde financeira do setor empresarial se forem sobrepondo às fragilidades inerentes à arquitetura da zona euro. Ou seja, no final do dia continuará a imperar a força do banco central, cujos estímulos deverão começar a ser menores, é certo, mas que não serão retirados de um dia para outro. Os riscos não desapareceram, mas são menores e estão mais relacionados com a velocidade com que o BCE irá retirar os estímulos, do que com variáveis mais disruptivas do que há um ano atrás. É certo que, fiscalmente e economicamente, esta retirada de estímulos implica desafios para países com situação mais complexa, como é o caso de Portugal. Mas para os mercados financeiros isso não representará um facto dissuasor – e no final do dia, até poderemos continuar a ver o índice nacional a registar sólidas valorizações, ignorando as fragilidades estruturais nacionais, à boleia da melhoria da conjuntura europeia.