A economia de partilha está a revolucionar muitos setores de atividade, trazendo comodidade aos consumidores, oportunidades a quem tem espírito empreendedor e, naturalmente, disrupção a todos os que não podem ou não conseguem atualizar-se.

Desde a AirBnB, que famosamente disponibiliza através da sua plataforma o equivalente a mais quartos do que qualquer das maiores cadeias de hotel do mundo, até à Uber, que, sem possuir carros, assegura a milhões de pessoas em todo o mundo que em poucos minutos terão um à sua disposição para os levar ao seu destino, há uma característica distintiva comum a todos os casos: utilizam tecnologia para comercializar um ativo subutilizado, como o quarto extra ou a segunda casa, ou os assentos vazios ou os carros de aluguer parados.

Como outras ideias do mundo do consumidor final, este conceito de partilha está a transferir-se para o mundo empresarial, num fenómeno que convencionámos designar por industrial mash-ups (à letra, «misturas industriais»).

Ao contrário das formas tradicionais de conjugação de ativos e capacidades entre empresas, como as fusões, as aquisições e as joint-ventures, estas industrial mash-ups são de uma natureza muito mais informal, obviando assim a complexidade e morosidade daquelas, bem como não exigindo um compromisso ou investimento tão significativo. Essencialmente consistem na disponibilização de um ativo subutilizado por parte de um dos participantes para utilização para benefício mútuo por outro ou outros. Um exemplo é a aliança entre a Apple e a IBM, em que o conhecimento profundo da IBM sobre o mundo da informática empresarial não estava a ser explorado para o desenvolvimento de aplicações para telefones e tablets específicas para esse contexto.

Embora algumas organizações já estejam despertas para esta oportunidade, muitas ainda não se questionaram sobre que ativos têm, tangíveis ou intangíveis, que não podem explorar sem conhecimento ou tecnologia que lhes custará muito a desenvolver internamente ou a adquirir, mas que poderiam ser rapidamente aproveitados em conjugação com um ou mais parceiros que os tenham.

Outras, ainda que detetem a oportunidade, receiam explorá-la porque não dominam as tecnologias de comunicação, mobilidade e análise de informação que permitem estabelecer uma plataforma ágil de colaboração e a necessária confiança mútua entre os participantes para o sucesso desta abordagem.

No entanto, como se pode ver nos casos de maior sucesso, a velocidade é essencial e uma estratégia de seguidor rápido já não é necessariamente adequada para distinguir os vencedores dos que ficarão pelo caminho.