[weglot_switcher]

Conheça os doadores de fortunas

O casal Bill e Melinda Gates, Warren Buffett, Richard Branson ou Mark Zuckerberg estão na lista de bilionários que prometeram doar parte da sua fortuna a ações de caridade. Este mês, o fundador da Microsoft fez a sua maior doação para fins de beneficência em quase duas décadas: Bill Gates doou 64 milhões de ações da Microsoft.
Kamil Zlhnioglu/Reuters
26 Agosto 2017, 19h00

Bill Gates conheceu a mulher, Melinda, num encontro com a imprensa em Manhattan. Casaram no Hawai, têm uma fortuna colossal, três filhos e dedicam-se à filantropia: gastam grande parte do dinheiro em causas humanitárias, acompanhando pessoalmente muitas das iniciativas que subsidiam. Este mês, o fundador da Microsoft fez a sua maior doação para fins de beneficência em quase duas décadas. Bill Gates doou 64 milhões de ações da Microsoft, títulos que estão avaliados em 4,6 mil milhões de dólares (cerca de 3,9 mil milhões de euros), de acordo com um documento da Comissão de Valores e Câmbio divulgado pela Bloomberg.

Os cálculos da agência apontam para que esta seja a maior doação de ações da Microsoft que o empresário de 61 anos fez desde o ano de 2000. Estima-se que desde 1994, Gates e Melinda já tenham doado cerca de 35 mil milhões de dólares, cerca de 30 mil milhões de euros, em dinheiro e ações.

Há alguns anos, o investidor Warren Buffett lançou o projeto “The Giving Pledge”, juntamento com Bill e Melinda, que desafia outros multimilionários a doar as suas fortunas para boas causas. No mês passado, o “Oráculo de Omaha” voltou a dar o exemplo – anunciou uma doação de 3,17 mil milhões de dólares, cerca de 2,7 mil milhões de euros, a cinco fundações: Bill & Melinda Gates Foundation, à Susan Thompson Buffett Foundation, que se dedica à educação, à Sherwood Foundation, presidida pela sua filha, à Howard G. Buffett Foundation, liderada pelo filho do empresário, e ainda à NoVo Foundation.
Segundo as contas, o multimilionário já terá doado 27,5 mil milhões de dólares, cerca de 23,4 mil milhões de euros.

Buffett é um self made man. Aos dez anos já distribuía jornais e vendia pastilhas elásticas. Aos 13, vendeu a bicicleta por 35 dólares e comprou os primeiros títulos nos mercados financeiros. Aos 15, em sociedade com um amigo, comprou uma máquina de flippers e instalou-a numa barbearia. Com o lucro obtido, comprou mais máquinas e montou-as noutros estabelecimentos comerciais. Quando chegou a altura de ir para a Universidade, aos 20, não teve dúvidas sobre o curso que ia escolher: inscreveu-se em Economia na Universidade de Columbia para ter como professor o famoso analista Benjamin Graham.
Depois de ter concluído a licenciatura expandiu os negócios, identificou boas oportunidades e fugiu das apostas arriscadas. Aos 32 anos comprou a Berkshire Hathaway, na altura dedicada apenas ao setor têxtil, e investiu uma grande fatia dos lucros em títulos de empresas. As da Coca-Cola acabaram por ser o melhor investimento da sua vida: valorizaram 800 por cento em duas décadas. Apesar do dinheiro conquistado sempre fez contas à vida. Em 1957 comprou um apartamento com cinco quartos, por 31,5 mil dólares, cerca de 27 mil euros, em Omaha, no estado americano do Nebrasca. Ainda hoje é a sua residência.

Os milionários do “The Giving Pledge”

Entre os que já aderiram ao projeto “The Giving Pledge” (além de Buffett e Gates) contam-se nomes como os de Michael Bloomberg, George Lucas, David Rockfeller, Ted Turner ou Richard Branson.

Este último juntou-se à lista de bilionários que prometeram doar pelo menos metade da sua fortuna a ações de caridade. Na sua carta de compromisso, Branson e a mulher, Joan, seguem as pisadas de Bill e Melinda Gates, prometendo usar o seu dinheiro para criar “um mundo saudável, justo e pacífico, que as gerações futuras possam desfrutar”.

A campanha “The Giving Pledge” não aceita dinheiro, apenas pede aos bilionários que assumam o compromisso moral de doar uma parte da sua riqueza em favor da comunidade. O casal, que defende valores como a família, a saúde e a amizade, diz: “As coisas não trazem felicidade. Fazer algo positivo com a vida é o que realmente importa e, felizmente, os nossos filhos, os nosso herdeiros principais, concordam connosco neste assunto”.

Tal como Buffett, Richard Branson construiu o seu próprio império. Com 16 anos fundou uma revista, distribuída a nível nacional, sobre música rock, celebridades ou política. Um ano depois, o aventureiro inglês fundava um centro de apoio a estudantes e, aos 20 anos, fundava a Virgin, uma empresa de venda de discos por correio, que logo a seguir inaugurou uma loja em Londres. Em 1972 montou um estúdio de gravação áudio, onde o músico Mike Oldfield gravou o disco ‘Tubular Bells’, que viria a ser lançado em 1973. Este álbum foi um enorme sucesso e vendeu mais de cinco milhões de exemplares, proporcionando à Virgin uma excelente estreia.

Estavam lançadas as bases do sucesso de um homem que comanda várias empresas e é líder de investimento em áreas tão distintas como o turismo espacial, a saúde, a música, as comunicações, os refrigerantes, os transportes ferroviários e os combustíveis menos poluentes. “Sucesso é quando criamos algo de que podemos ter orgulho” – é uma das frases preferidas de Richard Branson.

O exemplo de Zuckerberg

No momento em que comunicou ao mundo o nascimento da filha, em 2015, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, anunciou que iria doar 99% das suas ações da rede social a uma fundação, a Chan Zuckerberg Initiative, destinada a melhorar o potencial humano e a promover a igualdade entre todas as crianças na próxima geração.

“Vamos doar 99% das nossas ações do Facebook – que na altura valiam cerca de 45 mil milhões de dólares, cerca de 38 mil milhões de euros – durante as nossas vidas para fazer avançar esta missão. Sabemos que esta é uma pequena contribuição comparada com todos os recursos e talentos que já estão a trabalhar nestes temas”, escreveram Zuckerberg e a mulher, Priscilla Chan, numa carta dirigida à filha e publicada no Facebook.

Pouco depois do anúncio de Zuckerberg, o Facebook enviou um comunicado aos mercados, em que especifica que o seu presidente “não planeia vender ou doar mais do que mil milhões de dólares em títulos em cada um dos próximos três anos” e que Zuckerberg “pretende manter a sua posição maioritária num futuro previsível.”

Mark Zuckerberg é um dos indivíduos mais ricos do mundo. O CEO transformou o Facebook numa máquina de fazer dinheiro. Começou a interessar-se por computadores ainda muito jovem, criando jogos de computador apenas por diversão. Ficou fascinado pelo mundo da informática e continuou a trabalhar no desenvolvimento de novos programas. Em 2002 entrou para a Universidade de Harvard. Alguns dos seus colegas convidaram-no para trabalhar no site da rede social chamada Harvard Connection. Pouco tempo depois, porém, Zuckerberg criou a sua própria rede social, que mais tarde ficou conhecida como Facebook.

Esta rede foi criada por Mark Zuckerburg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, ex-alunos da universidade de Harvard. O projeto foi desenvolvido inicialmente, em 2004, apenas para os alunos da universidade, aproveitando a onda dos blogues. Estes quatro colegas nunca imaginaram o boom à escala global que a sua criação alcançaria em pouco tempo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.