Portugal comprou 1,28% do petróleo angolano exportado em 2020, ligeiramente acima das exportações efetuadas para Itália (1,27% do total), mas menos que as exportações angolanas compradas por Espanha (2,16%), Singapura (2,14%), Franca (com 2,12%), pelos EUA (1,71%) e por Taiwan (1,68%), revelou ao Jornal Económico o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola.
Numa análise detalhada sobre as exportações angolanas de petróleo efetuadas durante cada um dos quatro trimestres de 2020, as autoridades de Luanda explicaram ao JE o destino das exportações, o respetivo valor e as ramas de petróleo bruto mais valorizadas que são extraídas em Angola.
Assim, durante o ano de 2020, esclarecem que “Angola exportou um total de 446.394.014 de barris de petróleo, menos 7,26% que os barris de petróleo exportados em 2019”. As exportações angolanas de petróleo foram “avaliadas ao preço médio ponderado de 40,987 dólares por barril, que determinou receitas brutas na ordem dos 18.296,54 milhões de dólares”, revelam.
O ministério liderado por Diamantino Azevedo, presidente em exercício da Organização dos Produtores e Exportadores de Petróleo (OPEP), informa igualmente que “os principais destinos para o petróleo angolano exportado em 2020 foram a China, com 71,07%, a Índia, com 5,87% e a Tailândia, com 4,34%, sendo a África do Sul o único país africano que importou petróleo bruto de Angola, com um volume de importação correspondente a 1,06% do total”.
Os dois períodos do ano em que as compras chinesas atingiram níveis mais elevados foram o segundo trimestre de 2020, em que a China recebeu 78,32% das exportações totais de petróleo de Angola e o quarto trimestre, com 71,86% do total. No entanto, a China ocupou o lugar de principal destino das exportações petrolíferas angolanas em todos os trimestres de 2020.
Portugal apenas registou compras no primeiro trimestre, em que foi o destino para 3,22% das exportações de petróleo de Angola, ficando neste período acima de Espanha (com 2,63%) entre janeiro e março. Mas Portugal só voltou a importar petróleo angolano no terceiro trimestre (com 1,74% do total exportado nesse trimestre), quando Espanha foi destino de 2,57% das exportações angolanas. O mercado nacional não registou compras no quarto trimestre de 2020, quando Espanha recebeu 2,67% das exportações de petróleo angolanas efetuadas entre outubro e dezembro.
No segmento do Gás Natural Liquefeito (GNL), os preços do gás seguiram a tendência dos preços de petróleo bruto no mercado internacional, refere o ministério angolano. Durante 2020 foram exportadas por Angola cerca de 4,63 milhões de toneladas métricas (TM) de Gás Natural Liquefeito (GNL), ao preço médio de 191,16 dólares por TM. Angola exportou no mesmo período 537,14 mil TM de butano ao preço médio 251,22 dólares por TM, mais 861,53 mil TM de propano ao preço médio de 172,51 dólares por TM e ainda 299,31 mil toneladas métricas de condensados de gás ao preço médio de 237,58 dólares por TM.
Portugal recebeu 1,04% das exportações de gás de Angola
Portugal recebeu 1,04% das exportações de GNL angolano em 2020 enquanto Espanha recebeu cerca de três vezes mais que Portugal, com 3,2% do total e França ficou-se por 2,09% do total do GNL exportado, refere o ministério de Diamantino Azevedo. Os principais destinos deste GNL foram a Índia, com 35,5%, e a China, com 7,67% do GNL exportado por Angola. Os países africanos que importaram GNL de Angola foram a Tanzânia e a República Democrática do Congo, com volumes de importação correspondentes a 0,32% e 0,02% do total, respetivamente.
Do volume total exportado, 36,83%, pertencem à Sonangol e a Agência Nacional de Petróleo e Gás ( ANPG); Quanto as companhias internacionais, destacam se: a Total (14,76%), a Esso (9,60%), BP (8,59%), a SSI da Flórida (7,55%), a Equinor (7,11%), a Chevron (7,08%) e a Eni (com 6,87%).
A Galp surge no primeiro trimestre de 2020 com um volume de exportações de 2,3% do petróleo angolano, num período em que a companhia que exportou menores quantidades de petróleo foi a Pluspetrol, com 0,02% e a maior quota de exportações foi assumida pela Sonangol em conjunto com a ANPG, responsáveis por 40,54% das exportações de petróleo angolano.
No segundo trimestre as exportações da Galp não tiveram expressão, e a Sonangol juntamente com a ANPG exportaram 34,55% do total, num período em que as exportações da Total ascenderam a 18,2% do total exportado por Angola.
No terceiro trimestre as exportações da Galp voltam a surgir, representando 1,73% do volume exportado no trimestre, com as exportações da Sonangol e da ANPG a reduzirem-se para 32,16%. No quatro trimestre, as exportações da Galp voltaram a não ter expressão e o conjunto da Sonangol com da ANPG foi responsável por 40,02% do total exportado por Angola nos últimos três meses do ano.
Rama Dália foi a mais comercializada
As ramas mais comercializadas em 2020 foram lideradas pelas qualidades Dália (10,9%), Cabinda (9,86%), Mostarda (8,73%) e Nemba (8,62%), Clov (7,87%), Girassol (7,68%), Gindungo (6,67%), entre outras.
No primeiro trimestre de 2020 o preço médio ponderado mais elevado foi praticado na rama Saxi Batuque, com 52,655 dólares por barril (que apenas teve um peso de 3,08% nas exportações do trimestre), quando o valor médio geral foi de 48,71 dólares por barril. No segundo trimestre o valor médio mais elevado foi registado na rama Palanca Blend, com 36,879 dólares por barril (representando apenas 0,87% das exportações do trimestre), quando a média geral rondou os 27,248 dólares por barril.
No terceiro trimestre o preço médio mais elevado foi praticado para o petróleo da rama Girassol, com 44,702 dólares por barril (uma rama cuja produção representou 8,04% das exportações petrolíferas angolanas entre julho e setembro de 2020) num trimestre em que o preço médio do petróleo angolano foi de 43,361 dólares por barril e, finalmente, no quarto trimestre a rama com preço médio mais elevado foi a Palanca Blend, com 51,212 dólares por barril (pesando 0,95% nas quantidades total de petróleo exportado), num período em que o preço médio foi da ordem dos 44,706 dólares por barril de petróleo.
Recorde-se que, na intervenção do ministro Diamantino Azevedo na 23° reunião da OPEP, que decorreu em Viena de Áustria, o responsável angolano realçou que as projeções da OPEP para o crescimento da procura global de petróleo bruto em 2021 – quantificadas em 5,9 milhões de barris por dia –, “são uma reviravolta bem-vinda, tendo em conta a devastação do mercado neste ano”, marcado pela nova fase de ajustes de produção da OPEP+.
“Estamos a efetuar a transição da gestão da crise para o apoio à recuperação global”, comentou o presidente em exercício da OPEP, Diamantino de Azevedo. Com uma produção diária a rondar os 1,2 milhões de barris, o Governo de Angola espera, em 2021, aumentar a produção petrolífera angolana para 1,3 milhões de barris diários.
2020, ano afetado pelo vírus SARS Cov2
“Em 2020 o mercado internacional do petróleo foi influenciado fundamentalmente pelas medidas impostas pela propagação do vírus SARS Cov2, agente causador da Covid-19, que afetou fortemente a economia mundial e enfraqueceu a procura global de petróleo”, comenta o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola. “O Brent Datado teve uma tendência muito volátil, tendo em abril alcançado o preço mais baixo (de 13,24 dólares por barril), desde Janeiro de 2016”, adianta, destacando que “em 2020 o valor médio anual do Brent Datado foi de 41,838 dólares por barril”.
Angola considera, entre os principais fatores que impulsionaram a subida do Brent Datado foram, primeiro, “o acordo de cortes de produção de 10 milhões de barris entre a OPEP e não OPEP; depois o anúncio do então presidente dos EUA, Donald Trump, em adicionar até 75 milhões de barris de petróleo à Reserva Estratégica de petróleo dos EUA, aproveitando os baixos preços do petróleo; seguindo-se a baixa produção nos EUA e Canadá; e, finalmente, a retoma da procura asiática no final do trimestre”.
Detalhando os principais fatores que impulsionaram a subida do Brent Datado foram, as autoridades de Luanda destacam, “entre os sinais de recuperação do consumo de gasolina a nível global, o alívio das medidas de confinamento; a subida nas bolsas de valores, devida aos enormes pacotes de estímulo económico, criando um sentimento positivo no mercado; a coesão entre os membros da OPEP+ que se manteve forte à volta do acordo de cortes de produção, enquanto que a produção nos EUA diminuía; as fábricas chinesas voltaram aos níveis de produção pré pandemia, sinais de aumento da procura e as esperanças de um acordo sobre estímulos económicos nos EUA; e ainda os furacões no Golfo dos EUA, que provocaram grandes cortes na produção”.
Brent Datado caiu mais de 70% no primeiro trimestre
“Durante o primeiro trimestre de 2020 o Brent Datado teve uma queda mais de 70%, tendo alcançado o mínimo de 17,675 dólares por barril no mês de março e o máximo de 69,96 dólares por barril no mês de janeiro, com uma média trimestral de 50,096 dólares por barril. Os principais fatores que impulsionaram a subida do Brent Datado, foram os seguintes: Aumento das reservas de crude americanas e os sinais de persistência das tensões comerciais entre os E.U.A. e a China; a recuperação em Wall Street e a especulação sobre a suposta intervenção da OPEP+ para estimular os preços; o ataque aéreo dos EUA, que culminou na morte do general iraniano no Iraque, aumentando os receios de conflitos no Médio Oriente”, comenta o ministério angolano.
No segundo trimestre de 2020, “os preços do Brent Datado atingiram o mínimo de 13,24 dólares por barril no mês de abril e o máximo de 43,605 dólares por barril no mês de junho, tendo alcançado a média trimestral de 29,556 dólares por barril, correspondente a um decréscimo de 20,54 dólares por barril, isto é, cerca de 41% abaixo da média verificada no primeiro trimestre de 2020”, adianta o ministério.
No trimestre terceiro trimestre de 2020 “os preços do Brent Datado alcançaram o mínimo de 38,395 dólares por barril em setembro e o máximo de 45,985 dólares por barril em agosto, alcançando a média trimestral de 42,945 dólares por barril, equivalente a um acréscimo de 13,389 dólares por barril, isto é, cerca de 45,30 dólares acima da média verificada no segundo trimestre de 2020”, informa.
Durante o quarto trimestre de 2020 “o preço do Brent Datado registou o mínimo de 36,205 dólares por barril, em Outubro e o máximo de 51,97 dólares por barril em Dezembro, alcançando a média trimestral de 44,162 dólares por barril, correspondente a um acréscimo de 1,217 dólares por barril, isto é, cerca de 2,83% acima da média verificada no terceiro trimestre de 2020”. Neste período, os principais fatores que impulsionaram a subida do preço do Brent Datado foram “o encerramento das operações petrolíferas causado pela tempestade tropical Delta; as eleições presidenciais nos EUA que geraram expectativas positivas em torno da relação comercial entre a China e os EUA; o facto do dólar ter estado mais fraco devido às esperança s de estímulos económicos nos EUA; a autorização das primeiras vacinas contra a Covid-19; e o maior grau de cumprimento das quotas da OPEP”, refere.
Cotação das ramas angolanas melhorou no segundo semestre
No segundo semestre do ano, “o mercado das ramas angolanas teve melhor desempenho em relação ao preço do Brent Datado, devido a melhoria dos diferenciais”, comenta o ministério de Luanda, esclarecendo que “durante o primeiro trimestre de 2020 o preço das ramas angolanas atingiu o mínimo de 18,25 dólares por barril de petróleo na rama Gindungo e o máximo de 71,196 dólares na rama Girassol, tendo alcançado a média trimestral de 48,71 dólares por barril”.
“Os principais fatores que influenciaram o mercado das ramas angolanas foram a procura de petróleo com baixo teor de enxofre devido a implementação das medidas de redução do teor de enxofre para 0,5% nos combustíveis marítimos. As ramas angolanas com baixo teor de enxofre tiveram um bom desempenho, destacando se as ramas Olombendo Cabinda e Clov”, adianta a autoridade de Luanda.
“No segundo trimestre de 2020 os preços das ramas angolanas atingiram o mínimo de 10,87 dólares por barril na rama Mostarda e o máximo de 44,988 dólares por barril na rama Saxi Batuque, tendo alcançado a média trimestral de 27,248 dólares por barril”, refere o ministério de Diamantino Azevedo, recordando que “os principais fatores que influenciaram o mercado das ramas angolanas foram a falta de acordo sobre os cortes de produção da OPEP+, quando a Rússia se recusou a fazer o corte na sua produção e a Arábia Saudita reduziu os seus preços oficiais a fim de recuperar a quota de mercado, fazendo assim com que a oferta aumentasse e consequentemente os preços diminuíssem”.
No entanto, com a gradual recuperação da procura mundial, “a China e o resto do mundo foram apresentando alguns sinais de recuperação do surto do coronavírus, intensificando as compras para cobrir o armazenamento estratégico, fazendo assim com que a procura por petróleo aumentasse, afetando as margens de refinação”, comenta a autoridade governamental de Luanda. Assim, o aumento da concorrência no mercado asiático o retorno da procura doméstica na China, bem como a queda nas taxas de frete, impulsionaram o aumento das vendas direcionadas ao mercado asiático, particularmente na China”.
No terceiro trimestre de 2020, “o preço das ramas angolanas alcançou o mínimo de 34,287 dólares por barril na rama Dália e o máximo de 47,725 dólares por barril na rama Cabinda, alcançando a média trimestral de 43,361 dólares por barril”, detalhou, esclarecendo que “o diferencial entre o Brent e o referencial do Dubai influenciou ligeiramente o curso do mercado e a paridade entre o Brent-Dubai durante o trimestre ajudou a atrair as ramas doces de Angola para o mercado asiático, em relação às ramas leves do Médio Oriente”.
Longas filas para descarregar petroleiros na China
O “enfraquecimento da procura mundial, as longas filas de espera para a descarga de petroleiros na China durante a segunda metade do trimestre, provocaram uma baixa procura por ramas angolanas”, adianta o ministério, referindo, por outro lado que, “à medida que as margens de refinação enfraqueciam, registou se um aumento na procura por ramas locais”. A “concorrência por parte das ramas leves nigerianas e o facto de existir um número acentuado de ramas leves nigerianas por vender, resultou numa forte pressão sobre os diferenciais das ramas angolanas”, explica a autoridade de Luanda.
No quarto trimestre de 2020 “o preço das ramas angolanas atingiu o mínimo de 36,47 dólares por barril na rama Mostarda e o máximo de 53,843 dólares por barril na rama Hungo, tendo alcançado a média trimestral de 44,706 dólares por barril”, comenta o ministério, identificando entre os principais fatores que influenciaram o mercado das ramas angolanas neste período, “o fortalecimento das margens de refinação e o aumento da procura de petróleo bruto na Ásia, e também a manutenção do fluxo das viagens domésticas na China, que impulsionou a recuperação do mercado do petróleo bruto e a procura das ramas angolanas”.
Assim, houve um “estreitamento do intervalo Brent-Dubai e o fortalecimento do intervalo WTI-Brent”, comenta, considerando que, nos últimos três meses de 2020, “o intervalo Brent-Dubai esteve favorável, garantindo maior suporte ao mercado das ramas angolanas e, por outro lado, o spread WTI-Brent foi também favorável, uma vez que as refinarias dos EUA, demonstraram interesse nas ramas angolanas”.
“A renovação do poder de compra de petróleo bruto por parte da China e a estabilização do mercado indiano impulsionaram a procura por petróleo bruto no mercado asiático, motivando as refinarias indianas a aumentarem as taxas de refinação. Por consequência registou se também um maior interesse por parte da Índia pelas ramas angolanas”, comentou o ministério de Luanda.
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