António Costa ficará na História pelos piores motivos.
Por ter sido primeiro-ministro ao violar a vontade democrática dos portugueses, por ter feito crescer uma das maiores dívidas públicas, mas, mais grave: por ter sido o responsável político pelo maior número de óbitos por incêndio de que há memória em Portugal. António Costa acusa o anterior executivo de nada ter feito no âmbito da prevenção dos incêndios, mas, entre 26 de novembro de 2015, data em que o seu Governo tomou posse, e 17 de junho de 2017, início dos fogos de Pedrógão Grande, o que fez o atual Governo nesta matéria? Nada.
Há décadas que se espera por uma reforma profunda da política florestal e todos os governos, sem exceção, têm sido cúmplices de uma florestação mono-específica, sem regras nem ordenamento, potenciadora dos maiores desastres ambientais.
Nas últimas décadas criou-se em Portugal, por razões comerciais, a maior área eucaliptal da Europa, árvores altamente inflamáveis que alguns governantes promoveram, coniventes com os grandes interesses económicos. Extinguiram-se agora, irrefletidamente, os serviços florestais para cortar na despesa pública. Em vez de se ter procedido a um cadastro das florestas, de se disciplinarem as populações rurais relativamente aos seus cultivos e de se criar um plano gradual de replantação da vegetação nativa de carvalhos, vidoeiros e castanheiros vão-se criando, para mostrar serviço em alturas de crise, soluções atabalhoadas e levianas.
Depois das 64 mortes, foi exatamente isto que aconteceu. A 18 de julho deste ano, com a aprovação da alteração do regime jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização – o Governo debateu e aprovou à pressa, sob pressão do Presidente da República, diplomas que estavam adormecidos há meses nas gavetas de São Bento. Ministros da Agricultura como os que temos tido ultimamente, inexperientes e de áreas académicas diversas da pasta que tutelam, têm dispensado amiúde os conselhos de eminentes peritos e adiado sine die a tão esperada planificação florestal.
Nesta e noutras matérias estruturais urge o consenso estratégico de todos sem exceção, da esquerda à direita do espetro, e é este agora o grande desafio dos que querem finalmente devolver a seriedade ao debate político.