“Os portugueses estão longe de saber que a produção de alguns dos alimentos que consomem – como o leite, a carne de porco ou os produtos hortícolas – está a contribuir para a poluição generalizada das águas subterrâneas”, começa por escrever a associação ambientalista Zero na página oficial. É uma “situação preocupante” que afeta 55 sistemas aquíferos poluídos.
Em Portugal continental há 62 sistemas aquíferos, divididos por quatro unidades hidrogeológicas – Maciço Antigo, Orla Ocidental, Orla Meridional e Bacia do Tejo-Sado – que no seu conjunto acumulam uma reserva estratégia de água que representa 8 vezes mais do que as necessidades anuais de abastecimento público de água, explica a Zero. Segundo a associação, a poluição pode colocar em causa a utilização atual e futura destes recursos, que estão cada vez mais em riscos de escassez hídrica.
“Em 2015 existiam mais de seis mil captações de água subterrânea responsáveis por abastecer 33% do volume total de água potável consumido em Portugal Continental, e que muitos dos pontos de água poluídos coincidem com pontos de abastecimento público.”
Agricultura e pecuárias intensivas degradam a qualidade das águas subterrâneas
As análises da Zero provam que o azoto amoniacal é um dos poluentes mais presentes nos aquíferos, “muito relacionado com as explorações pecuárias, que podem contaminar os solos através da aplicação de estrumes e/ou efluentes líquidos, muitas vezes sem tratamento prévio”.
Existem 24 sistemas aquíferos que possuem ainda amostras de nitratos, que excedem os valores máximos admissíveis, o que corresponde a 42% do total dos aquíferos analisados.
“Esta situação demonstra que a poluição nos aquíferos por nitratos tem vindo a agravar-se nos últimos anos, quando devia estar a acontecer precisamente o contrário, uma vez que foram definidas nove zonas vulneráveis à poluição por nitratos e foi aprovado um programa de ação para as mesmas em 2012 (Esposende-Vila do Conde, Estarreja-Murtosa, Litoral Centro, Tejo, Beja, Elvas, Estremoz-Cano, Faro e Luz-Tavira)”, explica a associação.
A Zero apela para a urgência de conhecer o estado atual dos sistemas aquíferos, para os quais não existem dados disponíveis, e exige o fim da subsidiação às práticas agrícolas e pecuárias insustentáveis.
A associação ambiental detetou estas ocorrências ao analisar os dados relativos à presença de azoto amoniacal e de nitratos nas águas subterrâneas, entre os anos 2011 e 2015, com base na informação disponibilizada pela Agência Portuguesa do Ambiente, através do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos.
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