Sabe-se que viveu e trabalhou em Sevilha e aí aprendeu castelhano e árabe. Quando regressou a Portugal, entrou ao serviço do rei, tendo sido feito escudeiro e, nessa condição, tomou parte da comitiva de D. Afonso V a Castela, em 1476, onde combateu na Batalha de Toro. Mais tarde, acompanharia o rei a França, onde aquele tentava obter o apoio de Luís XI na luta pelo trono de Castela. Deprimido por não conseguir os seus intentos, Afonso V abdica a favor do seu filho, D. João II. Este escolhe Pêro da Covilhã para embaixador nos tratados de paz com os berberes do Magrebe, fundamentais para a expansão africana e marítima.
Em 1487, o rei incumbiu Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva de “descobrir e saber do Preste João e onde acham a canela e as outras especiarias que daquelas partes iam a Veneza por terra de mouros”. Nesta viagem para Oriente, passam por Valência, Barcelona, Nápoles, Rodes, Alexandria, Cairo e Suez, separando-se em Adem, tendo combinado encontrar-se mais tarde no Cairo. Enquanto Pêro da Covilhã visitava cidades na Índia e na Arábia e chegava até Sofala (hoje, no Iémen, sendo que, na altura, a região era conhecida como Arábia Feliz, do latim Arabia Felix), Afonso de Paiva rumava à Etiópia.
Em Calecute, o viajante português foi informado sobre a existência do Ceilão, de onde vinha a canela, e da Malásia, de onde era oriunda a noz-moscada, entre outros preciosos conhecimentos que se viriam a revelar fundamentais para a gesta marítima portuguesa. Quando Pêro da Covilhã chega ao Cairo, em 1491, é informado através de dois emissários judeus da morte do seu companheiro e, entre outras notícias, do feito de Bartolomeu Dias – que tinha dobrado o Cabo das Tormentas, entretanto rebatizado Cabo da Boa Esperança –, pelo que ruma à Etiópia, via Ormuz, onde deixa o Rabi Abraão a confirmar a importância do local para o comércio. Contudo, não parte do Cairo sem antes ter enviado as informações recolhidas sobre a navegação no Índico ao rei português, precisamente através do outro judeu, José de Lamego.
Uma vez na Etiópia, onde é muito bem acolhido e de onde não viria a sair (o costume do reino ditava que os forasteiros que lá entrassem não poderiam ir embora), torna-se conselheiro dos sucessivos monarcas e são-lhe doadas terras para governar. Torna-se uma espécie de senhor feudal, casa e tem inúmera descendência. Seria visitado por outros portugueses, de viagem pela região, que trouxeram até nós o relato das suas aventuras.
A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante
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