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“Se tiver uma paragem cardíaca num centro comercial, a probabilidade de sobreviver é mínima”

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia considera que a insuficiência cardíaca é a pandemia do século XXI.
22 Setembro 2017, 11h58

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia acredita que, pelo menos, meio milhão de portugueses sofra de insuficiência cardíaca. Numa entrevista à agência Lusa, João Morais disse o número será superior aos últimos dados disponíveis sobre a doença, que dizem respeito a um estudo com 15 anos e dão conta de 400 mil doentes.

“Quando hoje analisamos as doenças cardiovasculares é claro que temos um percurso de sucesso nos últimos dez anos. Muito provavelmente isso deve-se ao sucesso que Portugal teve no enfarte do miocárdio. Foi uma grande prioridade da cardiologia portuguesa nos últimos 20 anos. Estamos na altura de mudar o paradigma”, afirmou o especialista.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia considera que a insuficiência cardíaca é a pandemia do século XXI. A entidade que dirige garante que haverá várias centenas de pessoas que sofrem da doença mas não têm um diagnóstico – a análise de sangue necessária não é comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde. “Os doentes não têm capacidade económica”, explica

O cardiologista defende, na entrevista à agência noticiosa, que é preciso tratar a insuficiência cardíaca como um problema central, tal como se faz com o enfarte do miocárdio e com a diabetes.

Isto porque “a taxa bruta de mortalidade em Portugal é superior à da diabetes, doença pulmonar obstrutiva crónica e asma”, de acordo com a associação. “Se tiver uma paragem cardíaca num estádio de futebol ou num grande centro ou zona comercial, a probabilidade que tenho de sobreviver é mínima”, conclui João Morais.

“No acesso à ressuscitação em locais públicos, estamos muito longe de poder atingir sequer os mínimos”, comenta o cardiologista, que ressalva, contudo, o trabalho importante do INEM nesta matéria.

“Há locais em que as coisas estão razoavelmente montadas, mas está muito longe de ser um verdadeiro programa nacional de resposta à paragem cardíaca”, argumenta.

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