O managing partner da Antas da Cunha Ecija & Associados Fernando Antas da Cunha acredita que o impacto da tecnologia na advocacia vai fazer com que a denominada transformação digital seja uma “obrigação” para os escritórios de advogados.
Durante a conferência “Sociedades de advogados – Os desafios da digitalização”, promovida pelo Jornal Económico, Anta das da Cunha afirmou que a digitalização é uma “inevitabilidade” à qual as organizações “não podem evitar”, sendo a transformação digital uma consequência natural. “Se antes desta pandemia poderiam existir resistências, neste momento não se trata de uma escolha mas sim de uma obrigação de qualquer organização”, afirmou.
Não obstante, a transformação digital, defendeu, está dependente da “cultura da própria organização”, embora seja uma “inevitabilidade relativamente aos clientes”.
“Ou seja, temos o vertical de investimento em tecnologia para nos ajudar a ter melhor produtividade, processos e procedimentos”, explicou. Isto é, a digitalização permite acelerar processos. Por outro, a transformação digital defendeu que a transformação digital ocorre quando o cliente é convocado a participar em todos os processos, levantando “oportunidades de desenvolvimento de negócio”.
“Quando nós convidamos um cliente para participar neste processo de transformação, ele próprio vai começando a querer mais desta transformação, numa lógica de simbiose entre os nossos clientes e os escritórios de advogados. Isto é uma coisa que não pode ser dissociada”, argumentou.
Por isso, Fernando Antas da Cunha disse que, “seguramente, a advocacia não vai ser a mesma” depois da transformação digital. Mas isso não significa “que os advogados vão acabar”.
“Se nós conseguirmos arranjar um método que transforme a forma como processamos os serviços aos nossos clientes, não perdendo tanto tempo, energia e recursos humanos em tarefas rotineiras, acabamos por mudar a forma como prestamos serviços. Mas positivamente. Ou seja, não é trocar ou dispensar pessoas, é alocá-las àquilo que elas deverão fazer que é colocar o seu pensamento e a sua inteligência ao serviço do cliente”, explicou.
“O código também vai ser lei”
Nesse sentido, a transformação digital irá passar a depender das linguagens de código, segundo Nuno da Silva Vieira, sócio coordenador do departamento de Legal Intelligence da Antas da Cunha Ecija & Associados, que participou no mesmo painel. “Vamos entrar numa era em que code is law, o código também vai ser lei”, disse.
Para o advogado “não há transformação digital sem o direito”, sublinhando que vem aí uma nova advocacia. Segundo Nuno da Silva Vieira, o sector do direito vai passar a depender das linguagens de código que determinarão como novos processos e serviços serão feitos. Tal terá um impacto sobretudo nas áreas de regulação e, nesse sentido, o advogado considera que “a transformação digital é mais gestão do que marketing”.
“É como se uma nova advocacia aí viesse, assente em novas formas de contratar, em novos ecossistemas e, portanto, vai fundar uma nova advocacia, que tem um conjunto de coisas à moda antiga [questões ligadas à ética, confiança, princípios deontológicos]. Mas isso é apenas a armadura profissional, porque a forma como nós nos vamos revolucionar vai ser dentro de ecossistemas completamente novos e não vai chegar saber datilografar uma peça processual”, concluiu.
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