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Viagem por África: Do Cairo à Cidade do Cabo por terra

Ao ouvir notícias de África, Paul Theroux queria lá voltar, “queria voltar a sentir o prazer de estar em África. Voltar a ter a sensação de que era um continente tão amplo, que continha muitas histórias por contar, bem como alguma esperança, alguma graça, alguma doçura (…) Onde vivera e trabalhara, e fora feliz, há quase quarenta anos: no coração do continente verde.”
29 Setembro 2017, 11h30

Paul Theroux, um dos nomes mais sonantes da literatura de viagem, apesar de publicar mais ficção – “A Costa do Mosquito” é talvez o seu romance mais conhecido dos leitores portugueses, provavelmente devido à adaptação cinematográfica, com Harrison Ford no principal papel –, começa assim o seu relato “Viagem por África”, editado pela Quetzal, onde descreve a sua viagem por via terrestre entre o Cairo e a Cidade do Cabo: ao longo do Nilo, através do Sudão e da Etiópia, pelo Quénia e Uganda até à ponta da África do Sul. De comboio, canoa, autocarro ou camião de gado, Theroux visita velhos conhecidos, escritores, intelectuais e antigos alunos, viajando por algumas das mais belas paisagens do planeta e satisfazendo, assim, o seu apelo por África.

Nascido de pai franco-canadiano e de mãe italiana, era pouco dado à atividade atlética, pelo que passou a maior parte da infância e adolescência a ler. Depois de terminar os estudos superiores, ingressou no Corpo de Paz, uma organização criada em 1961 pelo então presidente John F. Kennedy, com o objetivo de ajudar os países em vias de desenvolvimento, prestando apoios essenciais, e de promover um melhor entendimento entre os norte-americanos e os povos de outras culturas.

Colocado no Malawi (então chamado Niassalândia, um protetorado britânico), começou a dar aulas e a escrever artigos para revistas como a Esquire e a Playboy. Apesar de ter sido expulso do Corpo de Paz devido ao seu envolvimento num falhado golpe de estado para derrubar o presidente do país, Theroux tudo fez para regressar a África. Conseguiu uma colocação como professor de inglês no Uganda, onde conheceu aquela que viria a ser a sua primeira mulher e o escritor V. S. Naipaul, que se tornou numa espécie de mentor do jovem professor com aspirações literárias. Seguir-se-iam viagens aos quatro cantos da Terra, incluindo as ilhas do Pacífico e a América Latina.

Hoje, com quase 80 anos, continua a viajar e a escrever sobre as suas viagens, apesar das reiteradas promessas de que iria deixar de o fazer. Os seus leitores agradecem.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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