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Há mais desempregados de longa duração do que no tempo da ‘troika’

Na zona euro apenas três países têm uma performance pior do que Portugal: a Grécia, a Eslováquia e Itália. As empresas preferem contratar a prazo e não apostam na formação.
Hugo Correia/Reuters
9 Outubro 2017, 09h52

A percentagem de desempregados de longa duração (mais de 12 meses) no total de desempregados chegou aos 59,2% no segundo trimestre deste ano, um valor bem acima dos primeiros três meses de 2011 (52,9%), escreve esta manhã o Diário de Notícias. 

Na zona euro apenas três países têm uma performance pior do que Portugal: a Grécia, a Eslováquia e Itália. A média da OCDE é de 30,5%.

O jornal explica que a falta de investimento na formação (quer por parte das empresas quer dos trabalhadores) é uma das razões para o elevado desemprego de longa duração.

Em 2013 a taxa de desemprego atingiu um recorde: 17,5%. Essa percentagem caiu para 8,9% no segundo trimestre deste ano. Mas, dos 461,4 mil desempregados, 273,2 mil estavam sem trabalho há mais de um ano, e, segundo o INE, 70% destes estavam desempregados há mais de dois anos – muita longa duração – e 55,6% estavam sem trabalho há seis anos.

“Um dos elementos mais gravosos da evolução do mercado de trabalho português nos últimos anos tem sido o nível elevado de desemprego de longa duração, que origina uma depreciação acentuada do capital humano, com efeitos adversos no crescimento potencial da economia”, alerta o Banco de Portugal, citado pelo jornal.

Relativamente ao desenvolvimento da indústria, os contratos sem termo passaram de 78,7%, no terceiro trimestre de 2013 (já sem troika) para 77,9%, no segundo trimestre deste ano. Os vínculos a prazo aumentaram de 17,49% para 18,51%, explica Américo Azevedo, professor da Faculdade de Engenharia do Porto.

“Tivemos um crédito fácil, nos anos 1990, e houve incentivos à produção de bens não transacionáveis, criando-se aí emprego que depois não foi mantido. O aumento do desemprego estrutural [de longa duração] é o resultado. Por outro lado, a maior parte das empresas prefere funcionários temporários, não investindo neles. Mas não se investe no capital humano também porque o endividamento das empresas é grande”, refere.

“No fundo, há dois grandes problemas que impedem maior criação de emprego: a escassa autonomia financeira das empresas, que deriva do alto endividamento, e a fraca qualidade da gestão. É claro que parte da responsabilidade recai sobre o próprio trabalhador, que não assume como natural a aprendizagem ao longo da vida. Vê-se no desemprego sem ter tido a preocupação de ir adquirindo novas competências. A reintegração no mercado de trabalho pode ser muito difícil para quem não apostou na formação”, disse ao DN Américo Azevedo.

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