Como se sabe, Kim Jong-un tem seguido a tradição familiar, mantendo um braço de ferro com o líder dos EUA, desta vez o Republicano Donald Trump, tendo a contenda conhecido uma perigosíssima escalada nos últimos meses. Outro aspeto que se mantém durante esta nova liderança norte-coreana é o caráter algo secreto e misterioso do país, pelo menos para os ocidentais. Ao mistério acresce uma série de catástrofes naturais (e outras não tão naturais) que tornou a Coreia do Norte numa das nações mais pobres do mundo.
Guy Delisle, autor da novela gráfica “Pyongyang, uma Viagem à Coreia do Norte” – editado em Portugal pela Devir – nasceu no Quebeque em 1966. Como supervisor para a Ásia de um estúdio de animação francês, e aproveitando uma pequena brecha na fortaleza que é a Coreia do Norte que permitiu algum investimento estrangeiro no início deste século, viveu dois meses na capital, Pyongyang, onde trabalhou no estúdio de animação SEK. Armado com um pequeno transístor de bolso e um exemplar do livro “1984”, de George Orwell, Delisle só pôde explorar o país acompanhado de um tradutor e um guia. Mas, por entre as estátuas, os retratos e a propaganda dos “queridos líderes” deste regime austero e cinzento, Delisle conseguiu vislumbrar mais do que era suposto da cultura e vida dos norte-coreanos com que se foi cruzando. Lugares que parecem obscuros ou complicados são expostos de forma clara e até luminosa, expondo a técnica perfeita que o autor utiliza para tirar o melhor partido da eficácia do desenho na narração de uma história.
São precisamente estas observações do quotidiano na única dinastia comunista no mundo, apresentadas com um brilhante sentido de humor, que servem de base a esta novela gráfica. Um olhar pessoal sobre aquele que é, provavelmente, o país mais enigmático do mundo.
A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante
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