Segundo um estudo da Câmara Municipal de Lisboa, este ano, mais de 18.000 jovens de outros países escolheram realizar estudos universitários na capital portuguesa. A maioria destes estudantes vêm do Brasil, Itália, Espanha Alemanha e Cabo Verde e procuram licenciaturas, programas Erasmus, mestrados e doutoramentos.
O lifestyle português, o bom clima, a proximidade de magníficas praias, o surf, a beleza e universalismo da cidade de Lisboa, o baixo custo de vida e das propinas, e a qualidade das instituições de ensino superior criam uma combinação de fatores únicos e dificilmente conciliáveis noutras cidades europeias. A inclusão de cinco universidades portuguesas entre as 500 melhores do mundo no Ranking de Xangai e a subida de cursos de gestão e economia em rankings prestigiados, como o do Financial Times, tem igualmente contribuído para a atratividade do ensino superior em Lisboa e em Portugal em geral.
É hoje perfeitamente normal colocar uma oferta de emprego numa universidade portuguesa e receber uma candidatura de um jovem europeu de outro estado membro que concluiu a licenciatura ou mestrado em Portugal e quer ficar a trabalhar no nosso país. Para os millennials e a geração Z, estudar, trabalhar e viver noutro país da União Europeia faz parte da nova normalidade no percurso académico e profissional, sendo inclusivamente um fator de valorização curricular. Esta nova mobilidade de estudantes e jovens trabalhadores é uma consequência da Declaração de Bolonha de 19 de junho de 1999, que promoveu a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior, com reconhecimento automático de diplomas académicos nos diferentes países europeus.
Existe hoje um mercado europeu de ensino superior em que as universidades competem pelo talento nacional e internacional. Neste mercado, duas cidades da Europa Ocidental estão posicionadas para oferecer uma oferta perfeita para os estudantes europeus: Barcelona e Lisboa. As duas cidades são bonitas, têm vida noturna, cultura, praia, bom clima e excelentes instituições de ensino superior. A recente instabilidade gerada pela deriva independentista na Catalunha, que levou à saída de empresas e à retração do investimento estrangeiro, afetará necessariamente a atratividade de Barcelona. Esta é uma oportunidade para Lisboa posicionar a sua oferta de ensino superior.
A Nova School of Business and Economics (Nova SBE) foi das primeiras faculdades a perceber a oportunidade de Lisboa. Leciona há mais de dez anos os seus cursos em inglês. Começou a abrir a universidade a professores com doutoramentos em universidades internacionais (em contraste com a endogamia imperante em muitas universidades portuguesas que apenas contratam professores formados na própria instituição). Obteve o reconhecimento internacional dos seus cursos de gestão e finanças, ambos no top 20 do mundo no ranking do Financial Times. O novo e moderno campus da Nova SBE, que está a ser construído mesmo em frente da praia de Carcavelos, revela bem a visão estratégica e posicionamento desta instituição.
É necessário continuar a trabalhar no sentido de uma maior abertura nos concursos de professores, melhoria das condições de remuneração dos investigadores e docentes, maior autonomia universitária, maior ligação ao mundo empresarial e abertura do setor à iniciativa privada. A combinação do dinamismo ao nível do empreendedorismo e da ciência com o reforço da qualidade e abertura do ensino superior seriam certamente uma estratégia vencedora para o desenvolvimento económico sustentado da cidade de Lisboa e do país em geral.