Deixar uma marca no mundo faz parte do imaginário do ser humano, seja plantar uma árvore, escrever um livro, ter um ou mais filhos. Com as marcas acontece exatamente o mesmo. São socialmente responsáveis, contam histórias e lançam novos e inovadores produtos e serviços. Mas no final do dia o que marca a diferença? O que faz as marcas deixarem a sua marca? Naturalmente, o seu conteúdo.
No mundo das marcas, quem produz conteúdos é Rei. Mas, tal como na História, quase todos os reinados chegaram ao fim. Nos últimos anos, o paradigma tem vindo a mudar na indústria de conteúdos, fragilizando muitas empresas. Novos players vieram quebrar regras no negócio, tornando-se nos maiores veículos mundiais de distribuição de informação, de que são exemplo o Google e o Facebook. A entrada fulgurante destes “dois gigantes”, sem bater à porta nem pedir licença, veio transformar também a forma como consumimos e interagimos com os próprios conteúdos. Hoje todos são protagonistas. As regras do jogo são outras e não adianta rumar contra ou ignorar os factos.
Vejamos o caso da mais recente tragédia dos incêndios em Portugal, em que a ampla cobertura do tema se estendeu às redes sociais. Este cenário é fruto de uma evolução tecnológica sem precedentes, que possibilita ao consumidor ser cada vez mais ativo e interativo. Não vê o que lhe mostram, mas o que lhe interessa, o que mexe consigo. É espetador e produtor de conteúdos, numa inversão de papéis capaz de ditar a atualidade. Por esta razão é cada vez mais importante que os anunciantes – as marcas – percebam o que realmente cativa os seus consumidores.
A indústria dos conteúdos vive por isso tempos desafiantes. Sabemos que os hábitos de consumo de media se transformaram num passado recente e que estão, cada vez mais, fragmentados. O consumidor é quem decide o que quer ver, ler ou comprar, quando e como. Por outro lado, o aumento da utilização dos bloqueadores de anúncios demonstra bem o desafio que as marcas e os meios têm pela frente para passar mensagens.
O acesso à tecnologia e o conhecimento da informação, em permanente evolução, continuarão a transformar a relação entre as marcas, as plataformas e os consumidores, desafiando toda a indústria a criar novas estratégias para deixar uma marca memorável na mente dos consumidores. As oportunidades são inúmeras e o manancial de dados gerados pelas plataformas mais recentes serão seguramente uma fonte de alimentação de novas capacidades de planeamento e implementação de mensagens que consigam ser mais do que memoráveis, antes com conteúdo relevante.