Quase um ano e meio após a identificação do primeiro caso de Covid-19 na China, a propagação deste coronavírus atinge proporções gigantescas e inimagináveis: perto de 200 milhões de infetados e quatro milhões de mortos em todo o mundo, números estes que crescem diariamente.
Em Portugal, depois de alguma acalmia, assistimos a uma nova escalada que nos leva a atingir cerca de um milhão de infetados, 50 mil atualmente ativos, e a registar mais de 17 mil mortos, numa calamidade pública e sanitária sem paralelo no último século.
Com o processo de vacinação em pleno, muito pela forte disponibilização comunitária, hoje já teremos perto de 45% da população com as duas doses da vacina tomadas, mas ainda muito longe dos necessários 70% da base de imunização necessária para estarmos mais descansados, projetarmos a nossa retoma económica e protegermos o emprego, e por essa via a criação de riqueza nacional e a retribuição e poder de compra dos portugueses.
Agora estamos num novo momento delicado da Covid-19 em Portugal e é urgente controlar esta pandemia de uma vez por todas. Com a nossa parca população, já somos o 16.º país do mundo com mais vítimas da Covid-19, pelo que o Governo tem de mudar drástica e radicalmente a sua estratégia, sob pena de nos levar para um caminho de suicídio coletivo na saúde, na economia, no social.
O momento exige responsabilidade. É imperioso mudar a estratégia de combate ao vírus invisível, quando se aplicam novas medidas em alguns concelhos de isolamento das famílias, de proibição da convivência social, de limites nas deslocações, onde tudo novamente contribui como limitações ao crescimento da economia.
Mas, na verdade, as pessoas e a economia não aguentam mais estes sucessivos confinamentos e desconfinamentos. E aqui reside um dos principais problemas: a falta de apoio expressivo à economia, continuando o Governo a anunciar medidas avulso, pouco ou quase nada a fundo perdido para que os empreendedores aguentem, e apenas em linhas de crédito com garantia pública e moratórias bancárias e fiscais a pagar no futuro, quando os anúncios de apoio dos espanhóis, franceses, americanos ou ingleses são muito mais ambiciosos, protetores e musculados, perante a esperada depressão económica mundial, em que Portugal estará muito mais exposto.
O momento é de investir, sem reservas ou impedimentos, na saúde, na economia, no emprego, nas pessoas. É um trabalho hercúleo que o Governo, com poderes agora reforçados, e meios financeiros da bazuca europeia superiores a 16,6 mil milhões de euros, terá de levar a cabo garantindo ao máximo o aproveitamento, a eficiência e a transparência na execução destes fundos europeus.
A verdade expectável é que necessitamos dos fundos do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, agora finalmente aprovados no ECOFIN, para preparar Portugal e a nossa economia para o futuro, e que voltemos rapidamente para o caminho do crescimento. Mas pelo que assistimos, tal poderá não acontecer, pois o que observamos é um socialismo que assobia para o lado, num constante ilusionismo da política do faz de conta, de inaugurações locais de cariz eleitoralista onde são câmaras municipais.
Depois de tantos esforços, depois de tantos sacrifícios ao longo de 2020 e 2021, definitivamente, merecíamos muito mais e melhor resultado.