A operação dos satélites em órbita da norte-americana Space X já cobre todo o território português, sendo que até ao final de junho a empresa de Elon Musk pretende começar a vender em Portugal os seus serviços de acesso à internet de banda larga via satélite, revelou esta segunda-feira a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) no seu site.
A entrada da Space X em Portugal foi comunicada por Mark Botwin, o director of global satellite government affairs da SpaceX, ao presidente da Anacom, João Cadete de Matos, numa videoconferência realizada no domingo. Para o efeito, a empresa espacial norte-americana criou, em março, a filial portuguesa Space Exploration Technologies Portugal (SXPT), “que terá capacidade para fornecer o acesso à internet a 50 mil utilizadores em Portugal, prevendo atingir os 16 mil utilizadores até ao final de 2021”.
De acordo com a Anacom, a constelação de satélites Starlink, que é a marca comercial da internet fornecida pela Space X, esteve “em fase de testes” no final do primeiro trimestre de 2021. Não obstante, tal como o Jornal Económico tinha noticiado a 1 de março, a internet via satélite Starlink já pode ser encomendada desde esse mês.
Além da Starlink, já estão disponíveis em Portugal serviços de banda larga via satélite das marcas Konnect, Tooway, Onesat, Bigblu, SkyDSL e Vivasat.
Sending this tweet through space via Starlink satellite 🛰
— Elon Musk (@elonmusk) October 22, 2019
A SpaceX colocou os primeiros satélites Starlink em órbita em outubro de 2019. Segundo uma mensagem de Elon Musk, o CEO da SpaceX e Starlink, no Twitter, a velocidade de transferência de dados do serviço poderá chegar aos 300 Mbps (megabits por segundo) e a latência aos 20 ms (milissegundos). Neste momento, a velocidade de transferência de dados de quem já usa o serviço é de 130 Mbps com uma latência de cerca de 30 ms.
Tal como o JE veiculou no início de maio, nesta fase, o hardware necessário, composto por uma antena parabólica e um router especial, custa 499 euros (mais portes) e a mensalidade do serviço custará 99 euros por mês. Como se trata de uma fase de testes ao serviço, a disponibilidade será muito limitada.
Em Portugal já existem presentemente ofertas residenciais e não residenciais. Segundo a Anacom, comparando os preços dos serviços, as ofertas residenciais “apresentam custos de instalação no montante de até 150 euros (nalguns casos possibilita-se a autoinstalação não se aplicando estes custos), custos de ativação entre 19,9 e 49 euros (nalguns casos o custo de ativação varia em função da existência ou não de período de fidelização e da respetiva duração) e custos de aluguer (entre 4,9 e 9,99 euros mensal) ou aquisição do equipamento”. As mensalidades variam ente um mínimo de 12,90 um máximo de 119,99 euros, “em função das características das ofertas, nomeadamente das velocidades e dos limites de tráfego associados”.
O objetivo da empresa de Elon Musk é cobrir com internet de banda larga via satélite todo o planete Terra em 2022. No último ano, a Space X lançou 1.085 pequenos satélites, 773 dos quais integrados na constelação Starlink. Elon Musk quer que a rede atinja os 11.943 satélites, para ser capaz de fornecer internet em qualquer ponto do planeta.
Anacom acredita que banda larga via satélite é “essencial para reduzir a fratura digital”
O regulador sectorial vê com satisfação a chegada da Space X a Portugal, considerando que a internet banda larga via satélite será “um meio essencial para reduzir a fratura digital”. Assinala, ainda, a sua importância para os sectores das telecomunicações, bem como para a aviação e transporte marítimo.
“Apesar da reduzida penetração deste serviço em Portugal, o número de subscritores [de banda larga via satélite] cresceu 78,5% entre o quarto trimestre de 2018 e o terceiro trimestre de 2020”, indica o organismo liderado por João Cadete de Matos. Mas a Anacom acredita que o negócio da internet via satélite se torne, “nas próximas décadas, um dos grandes negócios do ‘New Space’ baseado em megaconstelações, passando a representar a maior fatia das receitas geradas”.
Atualmente, o serviço via satélite atualmente disponível em Portugal está “especialmente vocacionado para o acesso à internet em zonas remotas, de baixa densidade populacional e/ou de orografia mais complexa”. Mas, no final de 2020, o “a internet via satélite atingiu 1.200 acessos”. “O que representa menos de 0,3% do total de acessos em local fixo, mas traduz um crescimento de 32,4% face a 2019. No segundo trimestre de 2020, após a declaração de pandemia (ocorrida no trimestre anterior), o serviço registou o maior aumento em termos absolutos até ao momento”, acrescenta a Anacom.
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