O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) celebrou esta semana, no dia 9, o seu 38º aniversário. São quase quatro décadas de uma história muito rica.
Naturalmente, é um orgulho enorme liderar este sindicato, mas também uma grande responsabilidade. Além de gerir um dos melhores subsistemas de saúde, o SNQTB conduz intensa actividade sindical e tem vindo a seguir com acrescida atenção os fundos de pensões geridos pelas instituições de crédito.
Nestes 38 anos, nem tudo tem sido fácil. O período de vigência da troika em Portugal foi particularmente duro, como todos sabemos. A actualidade e o futuro próximo também não estão isentos de preocupações, importa dizer.
Isto dito, o SNQTB tem seguido sempre uma orientação que dá primazia à independência. É óbvio que se paga um certo preço por isso, nomeadamente na forma como se tem acesso a certos círculos do poder, mas é um efeito colateral que do nosso ponto de vista vale bem a pena suportar.
E justifica-se esse caminho, por vezes solitário, porque há temas que para nós não são negociáveis. Da nossa parte, o foco está e contínua exclusivamente na defesa dos interesses dos sócios e dos trabalhadores bancários, sem qualquer tipo de cedências perante qualquer outro tipo de agendas.
Outros optaram por uma via diferente. É tão legítima como a nossa, naturalmente. Contudo, também como a nossa, é passível de escrutínio e de avaliação. Ora, sejamos claros, a suposta proximidade de alguns sindicatos junto dos círculos do poder, a alegada mais-valia em se prescindir de parte da independência na defesa dos bancários, não se tem reflectido em ganhos suplementares para os trabalhadores.
Antes pelo contrário. O que daí tem resultado têm sido cedências relevantes sem contrapartidas e o enfraquecimento geral da capacidade negocial dos sindicatos.
Infelizmente, parece existir quem não perceba que, hoje em dia, a luta sindical centra-se na acção de rua, na comunicação social e na capacidade de influenciar legisladores. Deste ponto de vista, as organizações independentes e livres, como o SNQTB, são muito mais eficazes na salvaguarda dos interesses dos trabalhadores bancários.
O SNQTB tem sido liderante porque tem condições para isso, nomeadamente de independência. E sem independência não há capacidade de liderança, nem espaço para salvaguardar de forma continuada no tempo e no modo os interesses dos trabalhadores.
Nestes 38 anos, de uma coisa temos a certeza. A independência não tem preço e tem sido uma opção estratégica absolutamente vital.
Por tudo o que acima referi, não posso deixar de agradecer aos fundadores do SNQTB que tiveram a ousadia de criar, contra a corrente, este sindicato e a União dos Sindicatos Independentes. Cá estaremos para celebrar muitos mais aniversários, se Deus quiser.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.