Quando uma pessoa funda uma empresa, enfrenta muitos obstáculos internos e externos. Surgem-lhe dificuldades, como a falta de financiamento para montar e dar continuidade ao negócio, ou dificuldades económicas fora do seu controlo, por e.g. uma diminuição repentina na procura dos seus produtos/serviços, devido a um evento adverso como o da Covid-19.
Nestas situações, o que faria um verdadeiro empreendedor? Desistia a pensar nos obstáculos e fechava o seu negócio ou encontrava maneiras de ultrapassar as dificuldades, adaptando o seu produto/serviço para responder melhor às necessidades atuais do público-alvo?
A chegada da pandemia, em março de 2020, resultou em restrições às viagens e confinamentos locais, que levou à paragem de muitos negócios de hotelaria e turismo. Por outro lado, Portugal e o resto mundo, aperceberam-se, rapidamente, da relevância das ferramentas digitais, na persecução, simultânea, do duplo objetivo de nos mantermos próximos e protegidos. O teletrabalho veio reforçar a ideia de entregar resultados, através de uma atribuição de responsabilidade e maior autonomia aos colaboradores.
A grande maioria dos países tem colocado os colaboradores em trabalho remoto, devido ao qual se tem verificado um incremento notável nos níveis de produtividade, com um aumento de 63% em Portugal (Estudo Capgemini), aliado a uma melhoria no work-life balance dos colaboradores.
Atualmente, o país tem uma oportunidade que pode ser interessante: revitalizar o setor do turismo, através de uma adaptação oportuna à tendência mundial, que consiste em tirar partido da digitalização global.
Empresas conhecidas, como a Twitter, Slack, Shopify, entre outras, já confirmaram a sua vontade em permitir aos colaboradores trabalharem de forma remota, permanentemente. Esta medida irá aumentar a quantidade de indivíduos que trabalham sem se fixarem numa dada geografia, levando o seu trabalho consigo, na mochila, durante as viagens. Isto está a aumentar a população da chamada geração de “nómadas digitais”.
Os nómadas digitais, são uma geração aventureira que se quer aproximar da natureza, descobrir novos horizontes, estar em contacto com culturas diferentes, tudo isso enquanto leva o trabalho consigo para onde for.
No sentido de servir melhor esta geração, em evolução rápida, devem ser analisadas e divulgadas as vantagens que Portugal tem para oferecer à mesma:
- Uma cultura própria, rica e variada, diversidade cultural e facilidade de comunicação em inglês;
- Está entre os três países mais seguros do mundo, apenas atrás da Islândia e da Nova Zelândia (fonte: Global Peace Index, 2020);
- Paisagens deslumbrantes, praias emblemáticas, clima temperado, com muito sol ao longo do ano;
- Dieta mediterrânea autêntica, considerada um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo (fonte: Unesco, 2013), que aliada a um estilo de vida equilibrado, tem potencial para prevenir muitas doenças;
- Um dos melhores vistos (D-02) para profissionais autónomos da Europa, que permite não só exercer a sua atividade profissional, mas também trazer consigo a sua família e candidatar-se à cidadania em cinco anos (fonte: International living, 2020);
- Infraestruturas digitais avançadas, um forte ecossistema de incubadores e startups em constante evolução, e espaços de coworking que facilitam o networking entres os trabalhadores autónomos/empreendedores;
- Qualidade de vida alta por um valor relativamente acessível.
A proposta aqui feita passa por revitalizar o setor do turismo em Portugal, através de um maior foco no segmento dos nómadas digitais, o que implicaria a implementação das seguintes medidas:
- Atribuição de subsídios pelo Estado aos indivíduos/empresas, em zonas interiores/rurais, que queiram iniciar atividade no setor de turismo.
- Atribuição de benefícios fiscais aos “nómadas” que permaneçam em Portugal durante um período específico a definir (por exemplo doze meses).
- Criação de ofertas/pacotes de viagem e estada, que motivem os nómadas a experimentarem o país e consequentemente tornarem-se embaixadores globais.
O sucesso da contribuição desta estratégia para a revitalização do setor turístico estará no posicionamento do país como sendo o lugar perfeito para uma vida digital moderna, aliada à natureza. Conhecendo o peso que o setor do turismo tem na economia portuguesa, será fácil perceber o quão crítico o seu rejuvenescimento será para a economia de Portugal como um todo.