Apesar do confinamento ainda em vigor, os portugueses têm estado mais presentes nas lojas em 2021, com um número médio diário de compradores acima de 20% face à média apresentada no ano passado, revela um estudo da Kantar e Centromarca.
A análise da consultora de mercado e Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca indica que o dia de maior afluência às lojas foi após o anúncio do plano de desconfinamento apresentado pelo Governo.
O estudo aponta que os consumidores portugueses têm feito mais três cestos de compras do que em comparação com o primeiro confinamento, decretado em março e abril de 2020, mas que estes cestos são de menor valor e tamanho, com cada cesto a valer menos 13,5%. “Este comportamento contrasta com o verificado no primeiro confinamento, em que os consumidores reduziram o número de cestas, mas estas eram maiores em tamanho e a cada visita”, explica o estudo.
Na escolha das marcas que compravam, os portugueses tiveram preocupação em “racionalizar o orçamento”, privilegiando as marcas de distribuição. Com os consumidores a dares destaque às marcas de supermercado, estas pesaram quase 39% do total gasto em bens de grande consumo durante os dois períodos de confinamento em análise.
“O número médio de compradores aumentou gradualmente conforme a evolução dos casos diários, ou seja, a diminuição do número de casos levou a mais idas às compras por produtos de grande consumo”, adianta Marta Santos, manufacturers sector director da Kantar.
“A maior afluência e presença nas lojas poderá estar relacionada com uma maior experiência e capacidade em lidar com a pandemia e as medidas impostas. Já a preocupação na escolha das marcas dever-se-á a uma adaptação do orçamento familiar, por força dos sinais de crise económica gerada pela pandemia”, explica a responsável da Kantar.
Neste contexto pandémico, o online e os canais tradicionais, como mercearias de bairro, foram privilegiados face aos hiper e supermercados, com os consumidores a descentralizarem os seus canais de compra. Apesar de existirem antes da pandemia, o primeiro confinamento foi a rampa de lançamento para os canais online, com estes a crescerem com novos consumidores.
De acordo com o estudo, dois em cada dez lares portugueses optaram por fazer uma compra online em bens de grande consumo e mais 148 mil lares escolheram realizar as suas compras através do online nos dois primeiros meses de 2021 face ao primeiro confinamento.
“O segundo confinamento acabou por ser a confirmação de que o online é um canal viável para uma compra segura e prática, resultando no crescimento significativo de compra de produtos frescos, por norma adquiridos na loja física. Pode concluir-se que o canal online é cada vez mais relevante na distribuição em Portugal e está a entrar na rotina dos portugueses, com cada vez mais lares a realizar este tipo de compra”, aponta Marta Santos.
Por sua vez, Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, aponta que a “maturidade dos portugueses deveria motivar o Governo a desconfinar também algumas legislações aprovadas ao abrigo dos vários estados de emergência que continuam a afetar administrativa e artificialmente o mercado”.
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