Numa altura em que Portugal vive tempos atípicos e de exceção, com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, algo inédito em 47 anos de democracia, aguarda-se agora a decisão presidencial de dissolução parlamentar e agendamento de eleições, após ouvir os Partidos e o Conselho de Estado.

Enquanto Portugal vive uma crise política, com os partidos a prepararem as suas campanhas e legitimidades apontando a janeiro ou fevereiro, o mundo discute e analisa em Glasgow, na Cimeira das Nações Unidas sobre as alterações climáticas (COP26), os respetivos impactos, a fim de inverter um futuro pouco sorridente para o planeta Terra e para a Humanidade.

Na abertura desta cimeira, onde duas centenas de Chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, discursaram para fazer um balanço das preocupações e anunciarem novos compromissos climáticos, o primeiro-ministro de Portugal não marcou presença.

Reflexões de António Guterres, em nome da ONU, e de líderes mundiais como Joe Biden, Angela Merkel, Emmanuel Macron e Narendra Modi, da Índia, debruçaram-se sobre a análise e compreensão dos fenómenos que o nosso planeta sofre e continuará a sofrer, e o principal culpado pelo acelerado e sem precedente aquecimento do nosso planeta: a influência humana.

A subida da temperatura, a perda da capacidade de absorção e captura do dióxido de carbono da atmosfera e a redução deste no ar, assim como a subida do nível do mar, as chuvas fortes e inundações, furacões e ciclones tropicais, são algumas das severas consequências que já vivenciamos e que se irão multiplicar num futuro muito próximo.

Quanto à lei do carma, esta parece não dar tréguas no que respeita à questão do planeta Terra. A espécie humana sofre atualmente consequências devastadoras, sendo estas, a título de exemplo, as ondas de calor que têm, continuamente, afetado milhares de pessoas, como aconteceu recentemente na América do Norte e no Oeste do Canadá.

António Guterres é imperativo no tom que usa quando apela a todos os países que cessem novas explorações e produção de combustíveis fósseis, reforçando a substituição destes por renováveis. Mais ainda, o secretário-geral da ONU defende convictamente que a capacidade eólica e solar tem que quadruplicar até ao ano de 2030, assim como os investimentos em energias renováveis.

Mas nesta cimeira da COP26, o compromisso de mais de 90% dos líderes mundiais foi o de estabelecer metas para a neutralidade carbónica, precisamente para 2030, incluindo um dos países mais prevaricadores, a Índia. Avanços positivos, a somar aos acordos globais sobre a Floresta e o uso da terra, acabando com a desflorestação mundial.

Sem compromissos, e a manter-se tudo igual, as alterações climáticas terão impactos socioeconómicos severos, mormente nos países em desenvolvimento, contribuindo assim para o aumento das desigualdades no planeta, a única casa partilhada que temos.

Urge fazermos a nossa parte, dar cada um a sua contribuição, estando cientes de que a nossa passagem por cá não é eterna. Da mesma forma que é imperativo deixarmos o planeta da mesma forma que um dia o encontrámos, para que as gerações futuras desfrutem do que outrora desfrutámos, com a mesma qualidade, conforto e bem-estar.

Com tanto mal que temos vindo a fazer, devemos ir mais longe e tudo fazer para deixar este mundo melhor do que o encontrámos. A paz da Humanidade também terá de ser ambiental e, neste desígnio Portugal, tem de estar obrigatoriamente presente.