Cada vez mais exigente, a logística associada à last mile delivery (LMD) enfrenta pressões diversas que tornam urgente uma resposta eficaz e escalável.
Em 2020, o World Economic Forum apontava um crescimento de 20% do comércio online, alicerçado num novo segmento de consumidores mais velhos que, condicionados pelas restrições pandémicas, passou a comprar online (muitos pela primeira vez). Também a maioria das empresas, sob o mesmo pretexto, direcionou a estratégia para o comércio online, favorecendo o crescimento das vendas nos canais digitais.
Este crescimento, rápido e inesperado, de qualquer negócio gera constrangimentos, em particular a nível de logística, mas sobretudo num negócio que tem como propósito mover pessoas e carga, num contexto em que a mobilidade de ambas se encontra restrita. Contudo, no caso do comércio online, os principais constrangimentos ocorrem na fase do LMD (na prática, a última etapa do percurso típico de um produto, desde o armazém de distribuição até à porta do consumidor). Esta é a fase com maior preponderância na satisfação do consumidor (e para a qual este tem maiores expetativas de qualidade da entrega), sendo também a mais dispendiosa (mais de metade dos custos totais de envio, em média) e que mais tempo consome, pelo facto de envolver múltiplos intervenientes e depender da existência de pontos de recolha.
Nas áreas urbanas, o número de pontos de recolha é elevado, porém o LMD é comprometido pelo tráfego intenso e congestionamento dos acessos. O aumento do comércio online, impulsionado pela pandemia, acentuou o volume e variabilidade de itens para entrega, mas também as expectativas dos consumidores (que esperam entregas rápidas, gratuitas, e a possibilidade de personalizar condições de entrega).
Perante este cenário, têm surgido soluções de base tecnológica focadas na resolução dos constrangimentos deste modelo logístico, desde robots de entrega à utilização de veículos de micro mobilidade.
Mas as soluções não são apenas de base tecnológica. Tem-se assistido ao aumento da prevalência de contratos de trabalho temporários em modelo de crowdsourcing. Se, até agora, o crowdsourcing de serviços suportados em plataformas digitais era comum na área dos transportes e entrega de comida, atualmente, também os retalhistas procuram pessoas locais, não profissionais, que utilizem os próprios meios de transporte para realizar entregas. Esta solução reduz os tempos de entrega, melhora a experiência do consumidor e reduz os custos de logística suportados pela empresa.
A tecnologia assume-se, então, como pilar de alavancagem da exigente logística associada ao LMD, mas o aumento da sua eficiência terá de ser acompanhado de soluções relacionadas com diferentes componentes dos modelos de negócio.