Numa altura em que as eleições se aproximam e os partidos implementam as suas campanhas e apresentam as suas propostas, contendo estas medidas de todo o tipo, existe um tema incontornável e de pertinente discussão pública sobre as alterações climáticas que, a manter-se a atual política socialista, não auguram um futuro sorridente para a nossa comunidade.
Rui Rio e António Costa são os dois candidatos a primeiro-ministro nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, numa repetição do duelo de 2019, mas em circunstâncias diferentes, após dois anos de pandemia. Rui Rio aposta no crescimento económico, no alívio fiscal para cidadãos e empresas, na sustentabilidade ambiental e valorização dos recursos naturais; já Costa coloca a tónica na política de continuidade, na subida do salário mínimo e na convergência com a Europa.
Há, contudo, uma palavra muito presente nos programas eleitorais: transição! Transição climática, transição energética, transição digital, transição demográfica entre tantas outras, o mesmo é dizer que Portugal e o mundo estão em constante mutação e se procura entender, adaptar, compreender e ter as melhores soluções para os fenómenos que o nosso planeta sofre e continuará a sofrer.
Pelas consequências que afetam todos e cada um de nós, patentes nos recentes estudos trágicos, assustadores e temíveis, que apontam a influência humana como responsável pelo acelerado e sem precedente aquecimento do nosso planeta.
É pois fulcral que cada português avalie os programas eleitorais que contenham novas e evolutivas políticas de ambiente e desenvolvimento sustentável, com foco nas alterações climáticas, na transição energética, na proteção da biodiversidade e na gestão eficiente dos nossos recursos naturais.
Na dimensão da transição climática, o compromisso e contributo de Portugal têm de permitir o alcance da neutralidade carbónica até ao ano de 2050, evitando os efeitos do aquecimento global. O aumento acelerado da temperatura, a perda da capacidade de absorção e captura do dióxido de carbono da atmosfera e a redução deste no ar, assim como a subida do nível da água do mar, as chuvas fortes e inundações, furacões e ciclones tropicais, são algumas das severas consequências que já vivenciamos e que se multiplicarão num futuro bem próximo, se não formos mais preventivos.
Estas ações públicas têm de atingir pelo menos seis dimensões com intervenção em áreas estratégicos, como sejam o mar, a mobilidade sustentável, a descarbonização da indústria, as energias renováveis, a bioeconomia e a eficiência energética nos edifícios.
Aparentemente, os recursos financeiros com as dotações específicas do PRR português não faltam para atingir a integração climática, são mais de 1/3 (38% do valor global), tem é faltado empenho, estratégia e ensejo para executar. Assumir a ação climática como prioridade efetiva, e o ambiente como fator de coesão territorial, é contribuir para a diminuição dos impactos socioeconómicos das pessoas, e das desigualdades no nosso território, a única casa partilhada que temos.
É inequívoco que façamos a nossa parte, dando cada um a nossa contribuição, conscientes de que a nossa passagem por cá não será eterna. É igualmente imperativo que deixemos o planeta da mesma forma que um dia o encontrámos, para que as gerações futuras desfrutem do que outrora desfrutámos, com a mesma qualidade, conforto e bem-estar.
E, com tanto mal que temos vindo a fazer, devemos até ir mais longe: tudo fazer para que deixemos este mundo melhor do que o encontrámos. A paz da Humanidade também terá de ser ambiental.