O PSI-20 fechou o mês de janeiro com o valor de 5.564,4 pontos, representando uma diminuição mensal de -0,1%. “O índice de referência da bolsa portuguesa manteve-se acima de 5.500 pontos, que é uma referência face aos máximos dos últimos 3 anos e consolidou a sua cotação acima do valor pré-pandémico”, diz a Maxyield na sua análise.
Os títulos que mais subiram em janeiro foram a Galp com +14,8% e da Pharol com +19,8%. “A banda de variação mensal oscila entre +19,8% da Pharol e -15% da EDP Renováveis conforme nos mostra a evolução das cotações das sociedades cotadas”, refere o estudo da associação liderada por Carlos Rodrigues.
A seguir à EDP Renováveis a maior queda coube à Corticeira Amorim que recuou -9,6%, seguindo-se os CTT que perderam num mês -4,9%.
O BCP teve o comportamento oposto ao subir +6,8% no mês de janeiro.
O desempenho mensal do índice bolsista nacional, foi influenciado a partir de 20 de janeiro, pelo processo de sell-off que provocou uma maré negativa nas bolsas internacionais, detalha a Maxyield.
Relativamente às 19 sociedades do universo empresarial PSI-20 verifica-se que nove tiveram uma variação mensal positiva e dez uma trajetória descendente.
As sociedades com uma variação mensal negativa, foram a EDP Renováveis (-15%), a Corticeira Amorim (-9,6%), a Novabase (-6,3%), a EDP (-6,1%), a Greenvolt (-5,4%), a CTT (-4,9%), a Ibersol (-4,1%), a Mota-Engil (-1,4%), a REN (- -0,4%) e a Navigator (-0,2%).
Em sentido inverso, encontram-se a Pharol (19,8%), a Galp (14,8%), o BCP (6,8%), a Jerónimo Martins (6,3%), a NOS (2,8%), a Semapa (1,7%), a Ramada (1,7%), a Sonae SGPS (1,5%) e a Altri (1%), que apresentam crescimento mensal.
“O PSI-20 encontra-se acima de 5.500 pontos e na faixa de variação [5.450 – 5.750 pontos], potenciando a aproximação ao valor máximo verificado nos últimos 5 anos”, diz a associação que acrescenta que o valor mínimo do intervalo, “corresponde ao pico anterior ao crash de 2020 e representa o nível de suporte identificado na análise técnica”.
“O valor máximo da faixa referida, corresponde ao pico anterior ao bear market de 2018, ocorrido após sete meses de quebras, constituindo o novo nível de resistência”, refere a Maxyield que reconhece que “apesar da dificuldade em ultrapassar o nível de resistência, o desafio que se coloca é vencer o limite superior da atual faixa de variação, em linha com média ponderada dos price targets das empresas cotadas”.
Day after às alterações ao Código dos Valores Mobiliários
Entrou em vigor no dia 30 de janeiro as alterações ao Código dos Valores Mobiliários que visam melhorar o mercado de capitais, através do estímulo à entrada de novos emitentes, aumento da robustez das sociedades atualmente cotadas, aumento do envolvimento dos investidores, e melhoria do corporate governance.
“Infelizmente, o day after às alterações ao Código dos Valores Mobiliários começa mal, pois verifica-se uma forte sobreposição temporal de assembleias gerais, dificultando ou impedindo a participação de acionistas”, constata a Maxyield que lembra que a situação mais gravosa envolve os casos dos CTT, Jerónimo Martins e NOS, que anunciaram a realização no dia 21 de abril das suas assembleias gerais em 2022.
“Outra situação é a realização das assembleias gerais da Sonae SGPS e Galp em 2022 no dia 29 de abril, sendo que a primeira tem lugar no Porto e a segunda em Lisboa”, acrescentam.
A Maxyield lembra que esta sobreposição temporal “nunca atingiu esta extensão e profundidade” e “representa a negação do propósito de iniciativas legislativas da Assembleia da República, de envolver os investidores e acionistas na vida das sociedades cotadas, e retira credibilidade ao mercado de capitais português”.
A Maxyield alertou a CMVM para esta situação, “apelando ao exercício da ‘magistratura de influência’ do regulador e supervisor do mercado, no sentido desta situação ser corrigida. A posição deste Clube de pequenos acionistas consiste em evitar mais do que uma Assembleia Geral por manhã ou tarde na mesma cidade, e por dia em cidades diferentes, relativamente ao universo empresarial PSI-20”.
Dividend season: dividendos devem regressar ao nível pré-Covid
Em 2019, os dividendos atingiram 2,1 mil milhões de euros com um payout de 69%, relativamente aos resultados líquidos de 3,05 mil milhões de euros. Em 2020, a distribuição de dividendos atingiu os 1,9 mil milhões com payout de 102% face aos resultados líquidos de 1,8 mil milhões.
A repetição em 2021 dos resultados líquidos observados no segundo semestre de 2020, permitirá atingir 2,7 mil milhões de euros, que potencia o regresso dos dividendos ao nível pré-pandémico na próxima dividend season, sendo para tal necessário um payout em torno de 78% relativamente àquele valor, defende o clube de pequenos acionistas.
Mercados internacionais em janeiro
No que se refere aos mercados internacionais, verificou-se que em janeiro o índice S&P 500 composto pelas maiores 500 sociedades cotadas na NYSE apresenta um decréscimo mensal de -5,3%, atingindo em 4 de janeiro o valor máximo de sempre.
O índice Stoxx 600 que agrega as 600 maiores sociedades cotadas europeias, sofreu uma diminuição mensal de -4%, sendo que em 5 de janeiro atingiu o valor máximo histórico.
Estes índices começaram janeiro com uma trajetória crescente, que se inverteu no final da primeira semana, iniciando um processo de queda que se acentuou com a ocorrência de um sell off em torno do dia 20 do mês.
Na parte final do mês, verificou-se uma recuperação generalizada, a qual não impediu o fecho do mês com forte quebra mensal.
As correções observadas em setembro e novembro de 2021 e o sell-off verificado na parte final de janeiro de 2022, bem como o arrefecimento do crescimento do índice tecnológico americano, ajudam a afastar receios de bolha bolsista no horizonte temporal de curto prazo, diz a Maxyield.
“É de referir que os índices espanhol IBEX 35 e londrino FTSE 100, ainda não atingiram os valores anteriores ao crash de 2020”, lembra a associação.
O mercado espanhol (IBEX 35) com uma diminuição de -1,2% e continua aquém da praça de Lisboa, tal como aconteceu em 2020 e 2021.
A Maxyield acompanha a evolução mensal de 11 importantes sociedades do IBEX 35. Em Espanha é de salientar o persistente desempenho negativo do setor petrolífero, a quebra mensal do setor energético e o bom desempenho dos setores bancário, serviços e imobiliário.
No IBEX, merece referência a existência de muitos títulos que cotavam em janeiro a um nível inferior ao final de 2019, designadamente Santander, Repsol, Telefónica, Mapfre, Endesa, Enagas e Merlin, diz a associação.
Outlook dos mercados
No que toca aos factores económicos que influenciam o outlook dos mercados, a Maxyield defende que entre eles está a inexistência de sinais de redução dos estímulos económicos no espaço europeu, a redução dos estímulos monetários nos EUA, as fortes pressões inflacionistas a nível internacional, a evolução dos preços dos combustíveis, a relação oferta/procura de importantes matérias primas e o processo de reabertura das economias designadamente a recuperação do consumo privado e comportamento da procura global.
“O ciclo económico tem pela frente políticas monetárias e orçamentais de natureza restritiva, abandonando as políticas públicas de natureza expansionista. Neste contexto desenha-se uma tendência altista das taxas de juro, que não é amiga dos mercados bolsistas”, diz a Maxyield que considera que estes fatores “são particularmente importantes, face ao elevado grau de internacionalização do universo empresarial PSI 20 através da realização de atividades noutras geografias e exportações, razão pela qual é fraca a correlação entre o PSI 20 e a evolução da economia nacional”.
A Maxyiled diz ainda que o PSI-20 é historicamente um índice intermitente alternando anualmente variações positivas e negativas, com fraca correlação com a evolução do PIB, sendo que o crescimento de 2021 se enquadra neste tipo de evolução. Assim, “desempenhos passados não são garantia de repetições futuras, mas estudar o presente ignorando o passado é prejudicar a ação e o próprio futuro”, referem.
No decurso da segunda quinzena de fevereiro concentra-se a apresentação de resultados referentes ao ano passado.
Por outro lado, no decurso da segunda quinzena de abril terá lugar a realização da maioria das assembleias gerais destas sociedades.
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