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Portugal continental em situação de seca agravada. IPMA não prevê chuva para o mês de fevereiro (com áudio)

O IPMA refere ao JE que tem observado “nos anos mais recentes uma maior frequência de episódios de seca meteorológica, alguns deles prolongado-se por mais de um período húmido e seco”. O cenário de seca, não se limita, no entanto, a algumas regiões do país. Segundo o instituto, a seca tem abrangido, cada vez mais, “uma maior percentagem do território”, embora as  regiões Nordeste e a região Sul continuem a ser as mais afetadas.
2 Fevereiro 2022, 08h20

Todo o território de Portugal continental encontra-se em situação de seca, tendo a cenário se agravado no dia 31 de janeiro. Comparativamente a dezembro, e segundo os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) partilhados com o Jornal Económico, verificou-se um aumento significativo da área e da intensidade da situação de seca, estando atualmente todo o território nacional em estado de seca: 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

Face à atual situação climatérica, o Governo decretou um conjunto de medidas que visam ajudar a gerir a água disponível em albufeiras e barragens. A partir desta terça-feira, as cinco barragens geridas pela EDP (Alto Lindoso/Touvedo, Alto Rabagão, Vilar/Tabuaço, Cabril e Castelo de Bode) passam a estar impedidas de produzir água para propósitos energéticos, e ficando apenas limitada a fornecer água para consumo humano. Já a barragem da Bravura, no Algarve, fica impedida de ser utilizada para fins de rega.

Produção de eletricidade limitada em quatro barragens devido a seca agravada

 

“Fixámos quotas mínimas para o volume de água necessária e garantindo que teremos sempre água para o consumo humano para dois anos”, explicou João Matos Fernandes.

A medida, anunciou o governante em conferência de imprensa, serve para gerir um recurso que é “escasso”.

“É verdade que o país está em seca. Todos temos que estar preocupados para que consumamos a menor quantidade de água possível nos usos mais intensivos como a agricultura, industria, consumo humano e urbano”, apelou, frisando não achar ser ainda necessário “tomar medidas genéricas para o país”.

Embora, para já, tudo indique que não será necessário tomar medidas mais amplas, o  IPMA desenvolveu três potenciais cenários para mês de fevereiro em relação ao índice PDSI (seca meteorológica), sendo que o que se considera como o mais provável, de acordo com as indicações de previsão de precipitação, será o cenário  mais gravoso, tal como está indicado na figura abaixo:

 

Este cenário, explica o IPMA ao JE, “implica um agravamento do índice de seca meteorológico generalizado, de sul a norte do continente, bem como nas zonas do norte litoral”, resultado de uma “anomalia negativa para a precipitação” durante o mês de fevereiro.

Além do agravamento da condição de seca em todo o território nacional, o instituto meteorológico português destaca, no entanto, “que a intensidade da seca meteorológica na região a sul do rio Tejo, terá a seca extrema como classe dominante e a norte do Tejo será a classe de seca severa”.

Assim, e olhando para a previsão mensal para o mês que agora começa, a situação não dá sinais de melhoria, com os dados a apontarem para “valores abaixo do normal praticamente para todo o território, em especial para as regiões do Minho e Douro Litoral nas semanas de 31/1 a 6/2 e de 7/2 a 13/2”. Nas semanas seguintes, e até ao final do mês, a situação mantém-se, embora a probabilidade de certeza diminua quão mais longe no tempo é feita.

“As previsões para esta semana e a próxima indicam uma ausência de precipitação, existindo contudo uma probabilidade de até 20% de ocorrência de precipitação nos dias 4 e 5 de fevereiro”, refere o IPMA.

Períodos de seca mais longos, mais frequentes e mais abrangentes?

O IPMA refere ao JE que tem observado “nos anos mais recentes uma maior frequência de episódios de seca meteorológica, alguns deles prolongado-se por mais de um período húmido (outono e inverno) e seco (primavera e verão)”.

O cenário de seca, não se limita, no entanto, a algumas regiões do país. Segundo o instituto, tem abrangido, cada vez mais, “uma maior percentagem do território”, embora as  regiões Nordeste e a região Sul continuem a ser as mais afetadas.

“A maior frequência de situações de seca meteorológica, que se verifica em Portugal Continental nas últimas décadas, é indicativo de um aumento do risco e da vulnerabilidade a este fenómeno, o que poderá obviamente gerar um aumento dos impactos, nomeadamente, ao nível dos sectores agrícola e hidrológico e necessariamente social”, alerta o IPMA.

Quanto aos próximos tempos, embora o IPMA não consiga estimar quando é que Portugal regressará a um período de chuva regular, os especialistas antecipam que “a atual situação se desloque mais para sul, onde normalmente se situa nesta época do ano, e permita a passagem de superfícies frontais que trarão precipitação”.

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