Basta uma picada. O mosquito fêmea precisa do sangue humano para alimentar os seus ovos, logo necessita de nos picar, e é nesse momento que se dá a transmissão da doença. O ‘Aedes Aegypti’, por exemplo, transmite a dengue. Já existe vacina, mas devido à complexidade da doença, que é composta por quatro serotipos distintos, a Dengvaxia- Sanofi não é aconselhada a toda a população e apenas deve ser administrada em zonas endémicas. No caso dos insetos mais perigosos, como esta espécie, quanto mais ferramentas de defesa melhor e nesse campo contamos com a ajuda da cência.
O projeto CostActions – Investigation and Mathematical Analysis of Avant-garde Disease Control via Mosquito Nano-Tech-Repellents tem como meta a criação de novos têxteis com repelentes e um software para prevenir e combater doenças provocadas por mosquitos. Está a ser desenvolvido por um grupo de investigadores, entre os quais a portuguesa Sofia Rodrigues, professora e investigadora da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
“Este projeto não tem a intenção de eliminar a doença, mas sim promover mecanismos que a reduzam”, afirma ao JE Universidades. Sofia Rodrigues explica: “ao criar produtos inócuos para os humanos, mas que contenham repelente para o mosquito, estamos a diminuir consideravelmente as picadas e, desta forma, a reduzir a probabilidade dos humanos contraírem a doença”.
Estes produtos, adianta a investigadora, tanto podem ser peças de vestuário, como ‘roll-on’ na pele, telas para as janelas ou, mesmo redes para as camas. Todos eles e pelas mesmas razões, serão também uma proteção contra doenças muito comuns nos trópicos como zika, chikungunya e febre-amarela.
O projeto é financiado pela União Europeia no âmbito da COST European Cooperation in Science and Technology, criada em 2017 para financiar atividades de colaboração transnacional num sistema de redes de investigadores com livre acesso e ‘bottom-up’, em todos os domínios científicos e tecnológicos.
A equipa é multidisciplinar envolvendo investigadores de vários países que partilham ideias e trabalho desde 2017. “Na Cost Action — explica Sofia Rodrigues — tentamos agregar um conjunto de conhecimentos em torno da doença: matemáticos para fazer previsões, informáticos para criar plataformas de agregação da informação, engenheiros têxteis para produzir novos tecidos, engenheiros químicos para criar soluções repelentes do mosquito. A grande vantagem de um projeto destes é juntar conhecimentos distintos que geralmente ficam separados pela sua área de ação”.
O projeto de investigação termina em março próximo, sendo o passa seguinte a produção. Sofia Rodrigues recorda que, a nível militar, as tropas norte-americanas e europeias já usam camuflados impregnados com repelentes quando vão para países mais tropicais. No mundo da moda será, além do mais, uma novidade.
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