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Criptomoedas: apetite aumenta e queixas também. Estas dicas podem proteger o seu investimento

De tudo o que se pode dizer sobre o mercado de ativos digitais, é certo que os maiores riscos a enfrentar são mesmo as tentativas de fraude perpetradas por burlões, que aproveitam o frenesim das criptomoedas como uma forma de obter dinheiro ‘fácil’ aproveitando a falta de conhecimento de quem investe o seu dinheiro.
13 Maio 2022, 10h45

O apetite pelas criptomoedas e outros ativos digitais continua a crescer. A vontade dos consumidores procurarem novos investimentos, aliada à facilidade com que se adquirem os criptoativos, fez com que a aliciante presente no volátil mercado digital fosse suficiente para atrair também os portugueses. No entanto, o Portal da Queixa já regista várias reclamações, com a maioria correspondente a burlas e falta de informação.

De tudo o que se pode dizer sobre o mercado de ativos digitais, é certo que os maiores riscos a enfrentar são mesmo as tentativas de fraude perpetradas por burlões que aproveitam o frenesim das criptomoedas como uma forma de obter dinheiro ‘fácil’ aproveitando a falta de conhecimento de quem investe o seu dinheiro. Torna-se por isso importante reforçar a literacia digital nesta área, embora os conhecimentos adquiridos sejam transversais ao espaço online.

Portugal é visto como um “paraíso fiscal” no círculo de entusiastas das criptomoedas, por ter um dos regimes fiscais mais ‘amigos’ dos ativos digitais e pela ausência de impostos sobre os ganhos. Ainda assim, este cenário pode mudar. O Governo já pediu à Autoridade Tributária uma avaliação à forma como outros países taxam os criptoativos. O objetivo é propor um novo enquadramento fiscal adequado a estes novos instrumentos.

Também a Comissão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM) já deu o seu parecer: “Alertamos para que quem investe nestas áreas tenha consciência dos riscos que está a correr. A falta de regulação só agrava algo já comprovado: os investidores correm ainda mais riscos, em termos de mecanismos de evolução de preços ou de possíveis esquemas de fraude.”

“Estamos perante um novo padrão de consumo, mas também de investimento. Os consumidores procuram novas formas de investimento e os criptoativos, ao venderem-se como “a moeda do futuro”, atraem sobretudo os mais digitais. O problema, uma vez mais, está na falta de literacia sobre o tema, que pode conduzir a fraudes ou burlas. Sendo este um tema complexo, e ainda não regulamentado, parece-me absolutamente necessário deter um profundo conhecimento sobre o tema antes de avançar com o investimento, algo que nem sempre acontece”, afirma Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa.

Se pretende investir o seu dinheiro em criptoativos, o Portal da Queixa deixa um conjunto de nove dicas/alertas dirigidas aos portugueses a ter em conta na hora de investir. Saiba quais são.

Risco de fraude nas redes socias

Atenção ao papel dos influencers que promovem diversos ativos em múltiplas plataformas, alguns dos quais utilizam estratégias de marketing agressivas, com informação pouco clara, incompleta ou propositadamente enganadora. Estes conteúdos são, geralmente, muito curtos e focados em potenciais ganhos, incentivando os utilizadores a comprarem um determinado ativo e ofuscando os possíveis riscos envolvidos. Quase sempre estas pessoas têm um incentivo financeiro próprio para promover determinados projetos.

Risco de liquidez

Não é seguro que os investidores consigam vender os criptoativos adquiridos.

Risco de perda parcial ou total do capital investido

O capital investido não está garantido nem os riscos associados ao investimento. Em muitos casos, podem não estar referidos na documentação publicada pelo emitente do criptoativo. Certifique-se de que o contrato tem uma cláusula a respeito antes de investir.

Falta de conhecimento

Há uma clara falta de literacia digital, uma vez que a informação disponibilizada aos investidores é imprecisa ou incompleta. Exige que os investidores tenham um conhecimento técnico elevado para conseguirem entender as características dos criptoativos, o que está por detrás do negócio e os riscos e vantagens que podem ter. A maioria dos investidores não tem conhecimento suficiente sobre as suas especificidades.

Falta de regulamentação e proteção dos investidores

A regulamentação é essencial para se poder analisar caso a caso antes de se determinar se os criptoativos estão ou não abrangidos pela regulamentação aplicável ao mercado de valores mobiliários, algo que ainda não existe hoje em dia.

Comercialização fora de Portugal

Quando existe um conflito, nem sempre é possível de se resolver uma vez que poderá estar fora das competências das autoridades portuguesas, podendo levar à desproteção dos investidores nacionais.

Falta de transparência no valor real da “moeda”

A formação do preço nem sempre é transparente, podendo não corresponder ao valor real de mercado desse criptoativo.

Volatilidade

Não existe um valor fixo, existe sim uma elevada e súbita volatilidade e variação de preço, que pode prejudicar o investidor.

Risco de branqueamento de capitais

Muito devido ao anonimato associado aos criptoativos, também poderá existir uma ocultação relativa à origem dos fundos investidos.

Risco de inovação

É frequente existirem projetos financiados através de ICOs que estão a começar ou numa fase embrionária e que têm modelos de negócio experimentais que muitas vezes não prosperam.

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