“[Os referendos] não têm nenhum valor. Estes resultados não serão reconhecidos por ninguém”, sublinhou Gomes Cravinho no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Para o ministro, a “atitude” é de farsa “por parte do poder ilegítimo e ocupante na Ucrânia em partes do território ucraniano”, pelo que “o reconhecimento internacional será nulo”
O ministro disse ainda que é “muito importante que os responsáveis russos deixem de falar de forma irresponsável sobre a utilização de armas nucleares”.
“É absolutamente incogitável a utilização de armas nucleares e devem abandonar este tipo de ameaça que, aliás, não intimida”, afirmou.
“Em relação à escalada [do conflito na Ucrânia], eu creio que seria importante a Rússia procurar uma saída para a situação que criou. Todos já perceberam que a Rússia não vai ganhar esta guerra, logo é preciso encontrar uma maneira de sair da situação que criou e isto, obviamente, tem de começar pela retirada do território ucraniano”, declarou.
João Gomes Cravinho falou aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento pelos CTT de um selo solidário com o povo ucraniano, em Lisboa. As verbas angariadas com o selo serão revertidas para ações a favor da Ucrânia.
Os referendos sobre a adesão à Federação russa dos territórios ucranianos ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson terminam hoje, segundo as autoridades pró-russas.
Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre 23 e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporijia, parcialmente sob domínio russo.
O anúncio oficial de realização dessas consultas populares para anexação dos territórios ucranianos sob ocupação russa foi feito num discurso à nação proferido na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, juntamente com o da mobilização de 300.000 reservistas russos para combater na Ucrânia e de uma ameaça velada de utilização de armas nucleares contra o Ocidente.
A convocação destas consultas populares nos territórios ocupados pelas forças russas segue-se ao referendo de adesão à Rússia realizado em 2014 pelas autoridades russófonas na Crimeia e cujo resultado legitimou a anexação da península por Moscovo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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