As declarações de André Ventura sobre Joacine Katar Moreira estão a gerar uma onda de críticas por parte de personalidades da esquerda e da direita em Portugal. O deputado do Chega propôs a deportação da deputada do Livre – nascida na Guiné Bissau, mas com nacionalidade portuguesa -, após este partido defender a devolução aos países de origem do património das antigas colónias em museus em Portugal.
A nível partidário, o Livre reagiu imediatamente condenando as declarações de André Ventura. “O Livre está e estará sempre na linha da frente no combate a todas as discriminações e repudia as declarações sexistas e deselegantes de Francisco Rodrigues dos Santos [novo líder do CDS] e as palavras deploráveis e racistas de André Ventura, deputado da extrema-direita portuguesa”, segundo comunicado do partido na terça-feira.
Por sua vez, o PS anunciou que vai avançar com um voto de condenação formal do deputado do Chega por “xenofobia” contra Joacine Katar Moreira. Já o Bloco de Esquerda disse que “este ato exige de todos uma frontal condenação”, com Pedro Filipe Soares a anunciar que o partido vai propor esta condenação ao Presidente da Assembleia da República e a todos os parlamentares.
À direita, duas personalidades do CDS criticaram André Ventura. Adolfo Mesquita Nunes aconselhou “distância” das “direitas das liberdades” ao deputado do Chega. Já Francisco Mendes da Silva defendeu que a “direita democrática deve ter a coragem moral de estabelecer um cordão sanitário que a separe irremediavelmente deste cavalheiro. Custe o que custar”.
Pelo PSD, Miguel Poiares Maduro considerou a declaração de André Ventura “inaceitável” ainda para mais sendo um “deputado. “E não me venham com as asneiras que diz e faz a Joacine. Há dias disse numa entrevista que enquanto o Chega exprimisse ideias que são existencialmente contrárias à identidade do PSD qualquer hipótese de coligação era impossível. Eis porquê. Critiquem-me à vontade, mas se na política se deve estar preparado para fazer compromissos sempre disse que tal é o caso quando não se comprometem os princípios…”, escreveu o antigo ministro nas redes sociais.
Também o líder da Iniciativa Liberal disse que Ventura “usa o racismo como isco para agradar às franjas eleitorais”, escreveu João Cotrim de Figueiredo nas redes sociais.
À esquerda, Rui Tavares veio a público criticar André Ventura sobre as suas declarações sobre Joacine Katar Moreira, defendendo que não vale tudo em política. “Isto é inaceitável e espero que seja unanimemente condenado”, escreveu o fundador do Livre nas redes sociais. “Não pode valer tudo e nenhuma discordância pode justificar a defesa da retirada de um direito fundamental a uma cidadã só por ser adversária política de quem não entende a democracia nem o estado de direito”, afirmou Rui Tavares.
No PS, o deputado Pedro Delgado Alves apontou que “estes valores não são os da República Portuguesa, estes valores não têm lugar no século XXI, estes valores que negam o outro é os seus direitos não podem voltar a ter espaço político numa Democracia e num Estado de Direito”.
Também a ministra da Justiça condenou o “discurso xenófobo que começou a invadir os nossos espaços institucionais e que chegou ao Parlamento”, afirmou hoje Francisca van Dunem, citada pela Lusa.
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