O planeamento da logística urbana é tarefa complexa, sendo múltiplas as forças que hoje impactam ma indústria onde eficiência é fator crítico de sucesso.

Por um lado, os operadores são pressionados para reduzir o congestionamento de tráfego e a poluição. Por outro lado, os players do setor lidam com janelas de entrega mais reduzidas e um planeamento de rotas mais complexo (incluindo a crescente logística inversa) para satisfazer maior exigência de rapidez, rastreabilidade e flexibilidade de local e horário de entrega. Ainda a maior relevância do e-commerce impacta negativamente a eficiência e estrutura de custos da logística inversa, sendo uma alteração de paradigma do sector.

Existirão formas de moderar a magnitude destas forças? Atualmente, as entidades regulatórias e as entidades gestoras do espaço urbano restringem horários de entrega e definem limitações à circulação e zonas de carga exclusivas.

Uma alternativa cada vez mais relevante é a criação de microcentros de distribuição urbanos, ou seja, instalações logísticas situadas em locais estratégicos centrais – em parques de estacionamento, espaços comerciais ou outros locais subaproveitados – onde uma ou várias empresas procedem à entrega das suas encomendas. Beneficiando de localização privilegiada, estes centros permitem uma entrega rápida de encomendas mais leves e pequenas, com recolha do consumidor final ou por entrega por meios alternativos (e.g., bicicletas ou equivalentes, veículos elétricos).

 

Os benefícios que advêm deste sistema são vários:

  • Reduzir o impacto das ineficiências externas, nomeadamente relacionadas com infraestruturas rodoviárias e centralização dos fluxos de transporte de mercadorias;
  • Reduzir custos de transporte pela maior proximidade geográfica ou disponibilização de um maior leque de alternativas de levantamento (e.g., via novos modelos de negócio, como os drive-throughs para a recolha de encomendas da Lotte na Coreia do Sul);
  • Criar uma maior proximidade e envolvimento do consumidor na cadeia de abastecimento (e.g., smart lockers implementados pelos CTT em Portugal);
  • Valorizar espaços físicos com baixa taxa de ocupação e desenvolver as comunidades locais (e.g., grupo DPD alugou ao município de Konstanz um parque de estacionamento no centro da cidade como hub de distribuição);
  • Aumentar a compliance regulatória e a responsabilidade ambiental das empresas do setor (e.g., e-cargo bike desenvolvida pela VW)

Existem múltiplas oportunidades e ameaças associadas a este modelo. Numa perspetiva da gestão integrada da mobilidade de pessoas e bens, cabe também aos municípios, às entidades reguladoras e ao setor do retalho identificar oportunidades específicas e criar condições de suporte para a implementação de uma solução deste tipo, de forma a capturar valor para todo o ecossistema de mobilidade.