Quinta-feira 27 de Fevereiro foi um dia nos mercados financeiros como há muito não se via. Mas comecemos pelo óbvio. Foi um absoluto dilúvio de vendas, nada escapou à esmagadora pressão vendedora derivada do pessimismo quanto ao desenvolvimento da progressão da epidemia do coronavírus, nomeadamente na Califórnia, onde o seu governador disse que mais de 8.000 pessoas estão a ser monitorizadas e testadas para aferir se estão infectadas.
Outro dado relevante é o caso de um paciente infectado, mas que o U.S. Center for Disease Control and Prevention não conseguiu para já ligar à epidemia. Ou seja, não se conseguiu ainda perceber onde esteve exposto ao vírus, o que aumentou o nível de incerteza sobre a possibilidade de uma proprpagação oculta fora das rotas conhecidas dos turistas.
Seja como for, o resultado final não deixou qualquer dúvida, nem a tentativa de rebound técnico no nível dos 3.000 pontos do S&P 500, que referi ontem, foi digna de registo, uma vez que rapidamente os ursos empurraram o principal índice accionista mundial para uma desvalorização de -4,42%, curiosamente o mesmo resultado do Dow Jones. Foi a mais rápida entrada em território de correcção da história para o índice mais abrangente, com uma perda superior a -10% em apenas cinco sessões e a caminho da pior semana desde a crise financeira de 2008.
Ao nível dos sectores foi quase tudo corrido com perdas de -4 a -5%, salvo as empresas do ramo da saúde e industriais que perderam para cima de -3%, enquanto nos índices o destaque vai para a melhor prestação das small caps, com o Russell 2000 a ceder -3.54%, o que é normal tendo em conta que estas empresas foram igualmente as que menos subiram nos últimos anos.
Contas feitas, e numa semana apenas, os investidores limparam os ganhos dos quatro meses anteriores, estando agora Wall Street num canal de estabilização que durou de Maio a Outubro do ano passado. Ou seja, uma zona de potencial suporte, até porque no seu limiar inferior fica igualmente a zona mais relevante de longo prazo, o território dos ursos, que não chegou a ser alcançado na correcção de 2018, naquele que foi o período mais pessimista desde que começou o bull market há mais de dez anos.
Hoje, secta-feira 28 de fevereiro, será um dia importante na medida em que se as quedas persistirem, poderemos ter um aumento do ruído do receio, o que poderá levar os bancos centrais, e principalmente a Fed, a dar alguma indicação de mudança de mentalidade, por exemplo, através de declarações dos seus membros mais influentes.
Nada que nos possa admirar, visto que os juros da dívida norte-americana têm vindo a cair e estar sobre a mesa a probabilidade de um corte nos juros por parte do banco central norte-americano já na próxima reunião, a subir, o que por sua vez levaria a um provável alívio no pessimismo de curto prazo.
O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é semanal.
Apesar da violência da queda, o indicador stochastic (em baixo), ainda está muito elevado, não sendo por isso expectável que o índice encontre alguma estabilidade nas próximas semanas.
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