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“Não é verdade que este vírus seja comparável ao vírus da gripe sazonal”, diz ex-ministro da Saúde

“Vamos dar luta a este inesperado inimigo. Sem alarmismo mas também sem superficialidade”, sublinha o ex-ministro da Saúde de António Costa e especialista em saúde pública.
Tiago Petinga/Lusa
2 Março 2020, 19h03

Depois dos primeiros dois casos de Covid-19 confirmados em Portugal, o ex-ministro da Saúde e especialista em saúde pública, Adalberto Campos Fernandes, que liderou a pasta da saúde de novembro de 2015 a outubro de 2018, negou que o coronavírus seja semelhante ao Covid-19 que já afeta mais de 90 mil pessoas no mundo. “Vale a pena repetir: não é verdade que este vírus seja comparável ao vírus da gripe sazonal”

Adalberto Campos Fernandes alertou numa publicação no Facebook que devemos “deixar espaço às autoridades de saúde” para que possam atuar e identificar os vírus .

“Vamos ao trabalho e dar luta a este inesperado inimigo” mas “sem alarmismo mas também sem superficialidade”, declarou o especialista em saúde pública.

“Todos podemos contribuir para ultrapassar esta fase difícil. A começar pela importância do nosso comportamento individual”, começa o antigo ministro, acrescentando que “a distância social, a higiene rigorosa das mãos, a redução de deslocações inúteis ou de reuniões facilmente substituíveis por meios electrónicos” são algumas medidas a ter em conta para evitar o contágio.

O especialista aponta que é importante “confiar no sistema e nos profissionais de saúde” e “não recorrer aos serviços de urgência sem contactar o SNS24 ou a equipa de saúde familiar”, sendo este o “tempo da responsabilidade individual e coletiva” mas “também o tempo da solidariedade e do apoio aos mais frágeis e vulneráveis”, ou seja, todos os que apresentam fatores de risco.

“Neste momento precisamos apenas de informação útil e de qualidade sempre, e apenas, de base científica”, uma vez que ainda não se sabe a origem desta infeção. “Este já não é o tempo das afirmações inúteis e inconsequentes”, diz Campos Fernandes, acrescentando que “não é verdade que a OMS e os Estados membros estejam a exagerar” nos alertas que emitem à população.

No fim do seu texto, Adalberto Campos Fernandes questiona “o que adianta dizer que o sistema de saúde não está preparado para lidar com esta situação?”, acrescentando em seguida a resposta de que “não está o nosso como não estará nenhum em situações de extrema necessidade”.

“Ainda assim, temos muito orgulho na forma eficaz como o nosso sistema de saúde está a responder comparativamente a outros países com muito mais recursos. Temos profissionais de saúde de grande qualidade e com grande empenho. Temos uma grande equipa de profissionais de saúde pública. Temos uma directora-geral competente, rigorosa e ponderada que merece todo o nosso apoio”, lê-se na publicação do especialista em saúde pública, dando conta dos 85 casos suspeitos que já foram analisados pelo Instituto Ricardo Jorge e pela DGS.

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