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Primárias democratas nos EUA: uma terça-feira cada vez mais ‘afunilada’

Cada vez mais favorito, Joe Biden pode praticamente assegurar a nomeação como candidato democrata se esta super terça-feira lhe correr tão bem como prometem as sondagens. Todos os três candidatos que já desistiram alinham atrás do ex-vice-presidente de Obama, que também anda por ali.
3 Março 2020, 07h40

Tudo se encaminha para que o Partido Democrata assuma cada vez mais que Joe Biden (que nos últimos dias tem somado uma preocupante sucessão de gafes) e Bernie Sanders (o mais ‘vermelho’ dos candidatos) são os únicos candidatos a poderem aspirar serem eleitos como representantes do partido para disputarem a presidência com Donald Trump.

No campo de Biden já alinharam pelo menos três candidatos que decidiram desistir em favor do ex-vice-presidente –Tom Steyer, Pete Buttigieg e mais recentemente Amy Klobuchar – ao mesmo tempo que segundo um deles (Buttigieg) deixou saber, como se nada fosse, que o ex-presidente Barack Obama está a manobrar em favor de Biden.

De facto, segundo os jornais norte-americanos, Buttigieg teria conversado com Biden e Obama na noite de domingo, depois de anunciar que suspenderia a sua campanha, para combinar um apoio que tardava, mas que acabou por acontecer.

Mas nem todos parecem dispostos a ‘limpar’ o terreno para Biden e Sanders: Michael Bloomberg e Elizabeth Warren insistem em apresentar-se hoje, a super terça-feira, aos eleitores, não só para testarem as suas capacidades, mas também para manterem viva uma corrida que de outra forma parecerá aos democratas anónimos demasiado ‘afunilada’.

Entretanto, Joe Biden – que, ao contrário do que disse, não corre para ser eleito senador, mas sim presidente da federação – tem acumulado apoios de peso entre os democratas históricos. O mais recente foi o ex-líder da maioria no Senado, Harry Reid, que disse em comunicado que “Donald Trump causou danos indizíveis ao nosso país, às nossas instituições e ao Estado de direito. Os democratas precisam de um candidato que possa reunir a maior e mais diversa coligação possível para derrotar Trump e liderar o nosso país após o trauma da presidência de Trump. Esse candidato é Joe Biden”.

O apoio não surpreendeu ninguém dado que Reid (tal como Biden, aliás) mostrou-se por diversas vezes muito cético em relação a uma das promessas da campanha de Bernie Sanders: o Medicare para todos.

À margem de todo este alvoroço entre os democratas, as sondagens vão dando conta de que os dois candidatos estão cada vez mais próximos um do outro. Assim, uma sondagem pós-votação na Carolina do Sul mostra Joe Biden quase empatando com Bernie Sanders: segundo a Morning Consult, Biden subiu até aos 26%, enquanto Sanders caiu para os 29% – ou seja, o ex-vice de Obama aumentou a sua posição em sete pontos percentuais, enquanto que Sanders perdeu três pontos.

A mesma sondagem mostra que Bloomberg também está em queda (passou de 18% para 17%, mantendo a terceira posição), enquanto que Elisabeth Warren, em quarto lugar, mantém os 11%. De qualquer modo, no final do dia de hoje (se tudo correr bem), a corrida democrata ficará mais clara para todos.

Os republicanos do Senado parecem entretanto estar a preparar um ‘raid’ sobre Biden: os jornais norte-americanos referem que senadores do partido de Trump estão a retomar os esforços para que avance uma investigação sobre Joe Biden, o seu filho Hunter e as ligações aos negócios na Ucrânia. A intenção é duplamente clara: ‘amarrar’ Biden a uma história cujos contornos são obscuros, e desmotivar a utilização do tema contra o próprio Trump na altura em que a campanha presidencial tiver início.

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